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Rio – Uma frente fria de passagem pelo Rio de Janeiro na semana passada deixou a organização dos Jogos Pan-Americanos em alerta. As chuvas atrasaram em dois dias parte das obras dos futuros locais de competição. Um imprevisto angustiante diante de um cronograma que não pode mais falhar.

Após sofrer com falências, brigas judiciais, revisão de projetos e uma imensa burocracia, a concretização das instalações deixou de ser uma simples execução. Transformou-se num desafio.

A menos de um ano do evento – que ocorre de 13 a 29 de julho –, o prazo para a entrega dos locais de competição parece ainda mais curto em três pontos. Imaginar a Cidade dos Esportes (antigo Autódromo de Jacarepaguá), o Ginásio Maracanãzinho e o Complexo Deodoro, visitados entre segunda e quarta-feira pela reportagem da Gazeta do Povo, prontos exige uma dose considerável de boa vontade.

O trio de aparelhos (como são chamados os lugares das provas) é o ponto crítico dos Jogos. Onde em 2007 os atletas deverão disputar o principal evento esportivo das Américas, hoje circulam cerca de 1500 operários em ritmo quase ininterrupto para compensar atrasos recordes.

Apesar de terem cronogramas mais confortáveis, outras sedes do evento também padecem. Hoje, o Parque Aquático Júlio De Lamare é o único ponto entregue. Até mesmo obras avançadas, como a Vila Olímpica, cujo trunfo da agilidade é ter a parceria da iniciativa privada, não estão imunes às contendas. Durante a semana governo federal e prefeitura reforçaram o impasse sobre as obras nas vias de acesso. Um novo episódio da novela empurra-empurra entre as esferas públicas.

A falta de tempo e recursos já descartou a construção de novas linhas de metrô e modernização do sistema de monitoramento do trânsito da Barra da Tijuca, onde concentram-se várias modalidades.

Também faltam definições – e realizações – sobre a reestruturação da cidade para facilitar a circulação de atletas e visitantes, melhoria de transportes e sinalização. Sem falar na segurança, um longo e preocupante capítulo à parte.

Em meio ao canteiro de obras em que a cidade vai se transformando, cresce o grupo de insatisfeitos. Eles vão desde pilotos órfãos da pista de Jacarepaguá a vizinhos prestes a serem desapropriados para a construção do Estádio Olímpico João Havelange, no Engenho de Dentro. O Havelanjão já causou sustos numa escola ao lado após a queda de um poste deixar o local sem luz e uma viga derrubar parte do muro.

"Muito do legado prometido ficará no papel, como melhoria de transporte e urbanização de favelas próximas aos locais de competição. O Pan pode gerar empregos e receitas, mas o dinheiro faz falta em outras áreas", afirma o economista Bruno Lopes, membro do Comitê Social do Pan, que reúne ONG’s contrárias ao evento.

Apesar das polêmicas e da demora, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, confia no cumprimento do prazo, até porque "não existe um plano B". "Os Jogos terão de ficar prontos de qualquer maneira e terá um legado positivo à cidade e ao país", defende o ministro do Esporte, Orlando Silva.

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