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Taxista depilou o corpo inteiro e fez uma tatuagem para ganhar o fusca | Gazeta do Povo
Taxista depilou o corpo inteiro e fez uma tatuagem para ganhar o fusca| Foto: Gazeta do Povo

Troféu coroa motivação e dedicação dos Mecas

Salvador – Eles acompanham os pilotos e navegadores por milhares de quilômetros, trabalham sem descanso madrugada adentro consertando os estragos das trilhas e se apertam por vários dias nas "bumbas" (motorhomes) que carregam a equipe. Os mecânicos (ou "mecas", como são chamados na gíria do rali) da Promacchina também tiveram um merecido dia de glória ontem. Sem eles, a vitória de Maurício Neves e Clécio Maestrelli não seria possível. Do início ao fim do rali, a motivação dos mecas saltava aos olhos. "Isso vem desde a oficina. Eles vestem a camisa e chegam com espírito para vencer", disse Fellipe Bibas, um dos pilotos da equipe.

O exemplo vem dele próprio. Ao lado do navegador Émerson Cavassin, ele teve problemas com a sua picape nas três primeiras especiais do Sertões e desistiu do rali. Em vez de voltar para casa (como muitos fizeram ao se verem sem chances de vitória), ele permaneceu nos acampamentos como uma espécie de chefe de equipe, deixando Neves mais tranqüilo para pensar só na prova. "Faço parte do time. Gostaria de ganhar, mas se fosse embora quando não pudesse mais alcançar o resultado, eu poderia desmotivar a equipe."

Salvador – A saga embalada por motores que cruzaram boa parte do sertão brasileiro terminou ontem com um inédito triunfo paranaense no maior rali das Américas. À base de muita poeira, suor e lágrimas, a dupla formada pelo piloto Maurício Neves e pelo navegador Clécio Maestrelli conquistou o título de campeão geral entre os carros do 15.º Rally Internacional dos Sertões. A dupla cumpriu os 2.471 quilômetros contra o relógio fora do asfalto em 32h1min19s, um tempo 20min31s menor que o piloto gaúcho João Franciosi e o navegador paranaense Eduardo Bampi.

Na sexta-feira que encerrou a jornada por seis estados e quatro capitais, a picape número 213 representando a equipe Promacchina chegou em quarto lugar na etapa especial (cronometrada) entre Aracaju a Salvador. Foi o suficiente. Eles cumpriram a estratégia anunciada já na quinta-feira: em vez de acelerar até o limite da Mitsubishi L200 Evo Prom, eles afastaram ao máximo a possibilidade de um eventual problema mecânico e "passearam" na derradeira trilha do rali, administrando a boa vantagem obtida já nas primeiras etapas da corrida.

A vitória foi inquestionável, de ponta a ponta. Apesar de vencer apenas duas das nove etapas especiais do Sertões, do prólogo até o nono e último dia de competição a dupla de curitibanos esteve à frente dos 58 concorrentes na classificação geral acumulada. O que fez a balança pender para o lado dos amigos criados em Santa Felicidade foram os pouco mais de 39 minutos de "gordura para queimar" conseguidos nas duas primeiras trilhas, de Goiânia a Minaçu (GO) e de Minaçu a Palmas.

A consagração ao som do Olodum no Farol da Barra, na capital baiana, coroou a obstinação do mecânico que casualmente virou piloto e apaixonou-se pela aventura off road. As lágrimas que Neves derramou em 2004 em função da derrota provocada por problemas no carro nos últimos quilômetros de um rali quase ganho, ontem foram da mais pura alegria. A despeito da frustração, ele não se abalou e imediatamente começou a planejar um novo protótipo.

Aos poucos o carro foi se desenvolvendo e neste ano duramente testado nas etapas dos campeonatos Brasileiro e Paulista de Cross Country. Após quebrar quatro motores e testar vários equipamentos, Neves ajeitou a picape o mais próximo do que considerava ideal. O resultado desse esforço veio ontem: mesmo com um orçamento bem menor em comparação a algumas equipes, em nenhum momento o carro da Promacchina teve a sua liderança ameaçada. Como não precisaram correr para tirar alguma diferença em relação aos adversários, o limite do carro sequer foi testado no Sertões.

Neves, que buscava esse resultado há sete anos, não escondia a emoção. "Posso dizer que as quatro maiores sensações da minha vida foram meu casamento, o nascimento dos meus dois filhos e esta vitória. Quem já participou do Sertões sabe o que estou sentindo", disse. "Ninguém merece essa vitória mais do que ele", exaltou Maestrelli.

O dia foi de festa também para o paulista José Hélio Rodrigues Filho, o Zé Hélio, campeão entre as motos. Nos quadriciclos a vitória ficou com Maurício Ramos, outro paulista. Nos caminhões quem comemorou foi o trio formado por Edu Piano, Davi Fonseca e Sólon Mendes Júnior.

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