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Vídeo | Reprodução / Paraná TV
Vídeo| Foto: Reprodução / Paraná TV

"Dia desses, conversando com um amigo que mora na Itália, falei que Curitiba fica a quase mil metros de altitude. Ele disse que devia nevar muito. ‘Só falta isso’, respondi". A história é contada com muito bom-humor pelo romano Giuseppe Macchioni, de 80 anos, ao falar das semelhanças da capital paranaense com as cidades da Europa. "Aqui, os europeus se sentem em casa. Tudo é parecido. O clima, o povo...", garante o italiano que vive no Paraná desde 1952.

A fama de ser uma cidade que só não é européia por um "capricho" da geografia é um dos trunfos do berço de Atlético, Coritiba e Paraná na briga para ser uma das sedes da Copa de 2014. O clima na região, primeiro fator a ser lembrado, é tão mais semelhante com o continente de lá do que com os estados de cá que parece ter sido importado da terra do euro. Em um país tropical, mesmo no inverno as temperaturas tendem a ser mais elevadas do que na maior parte do ano no Velho Mundo. Curitiba é a chance de os estrangeiros ficarem longe do calor, já que o termômetro por estas bandas indica em média 14°C durante julho, mês em que o Mundial costuma ser disputado. No Rio de Janeiro, por exemplo, essa estatística sobe para 22°C no mesmo período. Fortaleza, subindo ainda mais no mapa, ostenta média superior: 26ºC.

Alguns países, como Portugal e Espanha, têm temperaturas mais altas nos três meses do verão – Madri chega com certa facilidade a 32°C –, mas é só. Os habitantes da Europa passam grande parte da temporada, em torno de nove meses, devidamente agasalhados. Em certas regiões, nem mesmo a estação do sol ajuda a aquecer os dias. A capital inglesa Londres tem média de 17°C em julho, seu mês mais quente, 1°C a menos do que se registra na também fria Berlim.

Além do clima aprazível, o cenário propício aos visitantes europeus se completa com o fator humano. A capital do Paraná é celeiro de imigrantes d’além mar. As colônias italiana, ucraniana, alemã e polonesa são bastante representativas no município, mas há gente de tudo quanto é parte do planeta trabalhando e morando por aqui. Não seria, assim, difícil de encontrar ajuda para superar a maior barreira de adaptação, o idioma.

"As pessoas daqui são muito hospitaleiras e mais educadas do que na Europa. São menos formais, mais prestativas e simpáticas", defende com fervor a ucraniana Hanna Tatarchenko Welgacz, de 29 anos, há uma década no país do futebol. As palavras da imigrante claramente contrariam a má-fama de que "curitibano é frio", expressão disseminada por todos os cantos da nação. "Não sei quem foi que inventou isso...", dispara, sem esconder a opinião contrária. E se apóia nas incontáveis viagens que fez por vários estados do Brasil para atestar sua preferência pela receptividade – e comportamento – dos vizinhos de porta.

Porém, não é só a metrópole que se apresenta como carta na manga do Paraná na luta por 2014. O interior do estado também possui atributos para atrair determinadas delegações como base para os períodos de treinamento. A Holanda certamente estaria em casa se hospedando em Castro; a Ucrânia teria sossego e receptividade doméstica em Prudentópolis; e até mesmo o distante Japão acharia um pedaço da Ásia na região Norte, caso de Maringá. Londrina já anunciou a intenção de servir de lar para alguma seleção.

"Com uma Copa em Curitiba, qualquer seleção teria uma torcida grande", prevê Hanna. "Não há mais o curitibano autêntico. A cidade tem gente de todo lugar", concorda Giuseppe.

A afirmação de ambos encontra eco no discurso do tenente-coronel Roberson Luiz Bondaruk, pesquisador em desenvolvimento urbano sustentável em segurança pública. Para ele, a região é prova da união pacífica dos povos. "Nosso estado é cosmopolita. E não temos conflitos entre as diversidades étnicas", lembra o comandante do regimento de polícia montada.

A vizinhança de língua espanhola também tem motivos para arregalar os olhos para o lado de Curitiba. E torcer por seu sucesso como candidata a sede. Caso tenham jogos na capital paranaense, argentinos, paraguaios e uruguaios poderiam permanecer em seus países até a véspera das partidas. Seria quase como jogar em casa.

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