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Hélio Alves em uma das muitas brigas que comprou como dirigente do futebol paranaense: Feiticeiro reforçava a lenda em torno da sua figura com baforadas de charuto | Arquivo/ Gazeta do Povo
Hélio Alves em uma das muitas brigas que comprou como dirigente do futebol paranaense: Feiticeiro reforçava a lenda em torno da sua figura com baforadas de charuto| Foto: Arquivo/ Gazeta do Povo

Acabou a magia. Em um fim de semana triste para a dupla Atletiba, o futebol paranaense perdeu também João Hélio Alves, ou só Hélio Alves, "o Feiticeiro" – apelido dado ao ex-supervisor de futebol de Atlético e Coritiba, entre outros clubes. Ele morreu por falência múltipla dos órgãos. O corpo será velado até às 15 horas de hoje, na Capela Vaticano (atrás do Cemitério Municipal) e depois será cremado. Hélio tinha 81 anos.

Hélio unia os conhecimentos que juntou desde 1942 – quando começou a carreira no futebol – à mandinga e a superstições nada comuns. "Primeiro, peça conselho espiritual em algum terreiro de umbanda, depois queime pólvora no gramado para afastar o mau-olhado e – por via das dúvidas – dê algumas boas baforadas de charuto perto do gol adversário". O trecho entre aspas é da última entrevista dada por Hélio Alves à Gazeta do Povo. Na ocasião, em 2008, Atlético e Coritiba decidiam mais um título estadual – no fim, deu Coxa.

Para Hélio, o vencedor era indiferente. O Feiticeiro fez das suas nos dois clubes. Foi campeão paranaense em 1973/74/75/76 (Coritiba) e 1982/83 e 85 (Atlético), além de campeão brasileiro em 85 e do Torneio do Povo em 73 pelo Coxa. Trabalhou também no extinto Seleto, de Paranaguá, Colorado, Londrina, Pinheiros, Grêmio Maringá, Iraty e Rio Branco.

O filho, Paulinho Alves, que ocupa o cargo de supervisor de futebol no Coritiba, relembra o momento em que "O Feiticeiro" nasceu: "No início da carreira ele dirigiu o Seleto e tinha apenas 13 jogadores no elenco. Foi campeão da Zona Sul vencendo os grandes. No dia seguinte ao título, um jornal da cidade estampava: ‘É coisa de feiticeiro!’".

Hélio não fumava, mas aproveitava o folclore para dar umas baforadas de charuto, aumentando a lenda. As histórias renderam um livro, editado pelo jornalista Carneiro Neto. "Foi uma honra poder homenageá-lo em vida", contou Carneiro, dizendo que Hélio, um apaixonado pelo Seleto, se tornava fanático torcedor de qualquer clube em que trabalhasse: "Ele era fervoroso. Vestia a camisa mesmo. Era um tempo romântico do futebol".

Adoecido, Hélio saiu de Pontal do Paraná para ficar em Curitiba, mais perto dos médicos. Na última quinta-feira, com dificuldades no sistema digestivo, deu entrada no Hospital Nossa Senhora das Graças. Ele, que usava um marcapasso para problemas cardíacos, entrou em um quadro de infecção e inanição. Eram os momentos finais do Feiticeiro, deixando mais que conquistas como legado.

"Fica um grande aprendizado, tanto no profissional quanto como pai, como cidadão. Em todos os segmentos em que ele atuou, foi um vencedor", diz Paulinho.

Em 2006, o parnanguara nascido em 1927 recebeu o título de cidadão honorário de Curitiba. Foi na cidade que o acolheu e onde viveu suas maiores glórias no futebol que Hélio Alves, por volta das 15 horas de ontem, deixou o plano terrestre para fazer feitiçaria em outros campos.

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