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A espera foi de nove anos. Durante esse período, José Edson de Oliveira teve de passar por algumas situações no mínimo inusitadas. Mesmo sendo, na prática, o técnico da equipe feminina adulta de vôlei do Guarapuava Sport Club, nas vezes em que precisou disputar campeonatos nacionais, teve de se apresentar como auxiliar e contratar um treinador de "aparência" para ocupar o seu lugar ao lado quadra.

"Eu dava o treino, planejava, analisa o adversário, mas na hora do jogo tinha de ser o auxiliar", conta Edson, de 32 anos. "Ele (o treinador contratado) só aparecia na foto. Era uma situação chata para os dois", completa.

O motivo para isso é que, para Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Edson não era considerado treinador profissional. Tinha o curso de Educação Física com a ênfase no esporte, mas não tinha o aval da entidade para dirigir equipes em competições nacionais por ainda não ter feito o curso de treinadores que é oferecido por ela – o que lhe dará o tão sonhado nível 3.

O problema é que, no Paraná, a última vez que ouve a instrução foi no ano de 1997. E só agora ela voltou a ser oferecida pela Federação Paranaense.

Enquanto isso, não só Edson, mas a maioria dos cerca de 50 alunos tiveram de passar pelo mesmo "processo". "Lá em Araucária somos em três técnicos, mas nenhum de nível 3 (com o curso da CBV). Tivemos de contratar um técnico de Curitiba para as aparências na Liga Nacional (uma fase classificatória da Superliga)", conta Luciano Marcos Czarneski.

A importância do retorno do Curso Nacional de Treinadores por aqui, contudo, não é apenas por preencher essa lacuna. Ele poderá alavancar o esporte no Paraná em um âmbito nacional. Desde a saída do Rexona da capital, em meados de 2004, o estado não tem representes nas Superligas masculina e feminina. Em comparação com estados vizinhos como Santa catarina, que tem dois representantes no Nacional, e Rio Grande do Sul, com quatro, está devendo há algum tempo.

"É um grande problema. O Paraná sempre foi um excelente formador de atletas, mas não tem tradição com equipes. Com a formação de novos treinadores habilitados pela CBV isso pode mudar, já que, no vôlei, normalmente o técnico e quem corre atrás", afirma o presidente da Federação Paranaense de Voleibol, Neuri Barbieri. Mas o dirigente lembra de outra dificuldade para que essa reviravolta ocorra: dinheiro de patrocinadores. Para uma temporada, o custo de manutenção de uma equipe não fica por menos de R$ 2 milhões.

Esse, aliás, é o assunto predominante no pouco tempo de folga da turma. Com aulas das 8 às 20h até a próxima sexta-feira, após o almoço muitas conversas giram em torno do que poderá acontecer depois da "formatura".

"A esperança é que surjam novas equipes em vários locais do estado. Eu mesmo vou poder inscrever a minha na próxima Liga Nacional", afirma Rogério Romano, técnico da equipe feminina da Esic/Campina Grande do Sul que, como ainda é nível 2, por enquanto pode disputar apenas competições estaduais. O caso dele é típico: Romano montou o time, achou as atletas e conseguiu o patrocínio. "Tem que correr atrás", sugere.

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