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Frio intenso também preocupa

Alguns jogadores de Flamengo e Unión Maracaibo, da Venezuela, que recentemente atuaram em Potosí, dizem que tão ruim quanto a altitude é o frio. De noite, os termômetros na cidade boliviana beiram temperaturas negativas, sem contar a sensação térmica provocada por ventos e uma sempre comum garoa.

Inclusive, preocupada com o frio no trajeto de cerca de duas horas entre Sucre e Potosí, que será realizado horas antes da partida, a diretoria paranista ainda não definiu se o time segue de ônibus, vans ou táxis.

"Provavelmente iremos de ônibus, como fizeram os outros dois clubes. Parece que há um muito bom à nossa disposição, inclusive com aquecimento. Mas nada impede de chegarmos lá e escolhermos a melhor alternativa", disse o superintendente tricolor, Ricardo Machado Lima.

O aquecimento antes do jogo é outra preocupação. Ao mesmo tempo em que não pode ser muito cansativo, também precisa prevenir contra a sonolência verificada no Flamengo. "Vamos alongar bastante e depois dar um estímulo curto, mas intenso", revelou o preparador físico Marcos Walczak.

Pode até não ser a cidade mais alta do mundo, como informam diversas páginas da internet – na verdade o título é da peruana Cerro de Pasco, com 4.375 metros. Mas não é isso que vai livrar o Paraná do "soroche", nome dado pelos nativos ao mal das alturas, no jogo de terça-feira pela Libertadores em Potosí, na Bolívia, 4.070 metros acima do nível do mar.

Dores de cabeça, tonturas e enjôos são os principais sintomas em pessoas que sobem a montanha apenas para passear. Dá para imaginar então o sacrifício de quem terá de correr 90 minutos contra o Real Potosí, mais do que acostumado ao ar com apenas 60% do oxigênio encontrado em cidades litorâneas.

O Tricolor deixa Curitiba, cuja altitude de 934 metros é considerada insignificante para o rendimento esportivo, no início da tarde de hoje. Já em território boliviano, passa por Santa Cruz de la Sierra (473 m) e Sucre (2.800 m) antes de subir por via terrestre o restante do morro.

Chegar quase na hora da partida é uma tática criada por Moraci Sant'Anna, preparador físico do São Paulo no início dos anos 90, que passou a ser adotada com relativo sucesso pelos times brasileiros. Segundo os especialistas, assim os efeitos da altitude são menores. Caso a estratégia fosse a adaptação, a equipe precisaria chegar pelo menos com duas semanas de antecedência.

"Também ajuda no lado psicológico. Se fôssemos um dia antes e os jogadores sentissem náuseas e tonturas, poderiam ficar imaginando que seria pior na partida", disse o preparador físico paranista Marcos Walczak.

O Tricolor deixou de lado procedimentos científicos mais avançados, como a câmara hipobárica, que simula as condições do ar rarefeito. Segundo o preparador, tal recurso foi utilizado pelo Flamengo e não surtiu o resultado desejado.

O clube partiu para soluções mais simples, como ensinar aos atletas técnicas de respiração para armazenar mais ar e uma alimentação que favoreça a oxigenação sanguínea. "Aumentamos a porcentagem de carboidratos e diminuímos a de gordura, que tem uma metabolização mais difícil", contou Walczak.

O departamento de preparação física contribuiu ainda com a análise da capacidade respiratória dos jogadores, também apontando os que numa projeção se adaptariam melhor às condições acima dos 4 mil metros. Inclusive o técnico Zetti já admitiu que para escalar o time os dados estão tendo tanta importância quanto a parte técnica.

Não bastassem os efeitos do ar rarefeito no organismo, o Paraná ainda terá de se adaptar à velocidade da bola, cerca de 30% maior. Devido à estratégia de chegar em cima da hora, o time não fará no dia anterior o treino de reconhecimento de gramado comum na Libertadores e terá apenas o aquecimento para se acostumar. Isso sem contar o soroche na cabeça.

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