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Maestrelli e Neves com o troféu dos Sertões: entrosamento superou limitações do idioma para remontar a dupla vitoriosa | Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Maestrelli e Neves com o troféu dos Sertões: entrosamento superou limitações do idioma para remontar a dupla vitoriosa| Foto: Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Dedicação quase exclusiva induz a mudança na navegação

Empresário, dono de uma madeireira e de lanchonetes, o curitibano Clécio Maestrelli não terá problemas para planejar sua participação no Dakar 2010 ao lado do piloto Maurício Neves – proprietário da ProMacchina, equipe de rali e oficina de preparação de carros para competições off road.

"Como é um negócio familiar, dá para ajeitar as coisas", conta Maestrelli, de 34 anos. Ele herdou a vaga de Eduardo Bampi no Touareg justamente porque o antecessor não teria como se afastar do trabalho durante o período da prova. A ausência forçada pela competição prejudicaria a possibilidade de ascensão profissional de Bampi na empresa de engenharia em que ele trabalha.

"O Dakar é o sonho de qualquer participante de ralis. Sem­­pre tive vontade de disputar. Ain­­da mais com o Maurício e em uma equipe de ponta. É 100%", diz Maestrelli, parceiro de Neves por três anos. Até 2008 eles conquistaram uma série de títulos, sendo o mais importante o Rally dos Sertões de 2007.

No ano anterior a dupla disputou uma etapa do mundial na Argentina. A experiência no terreno e com o equipamento de GPS (mesmo do Dakar) deve ajudar agora. "É um instrumento de funções limitadas pela organização. Nem dá para treinar antes", diz Maestrelli, que só vai conhecer o Touareg em Buenos Aires.

Depois do desafio em terras argentinas e chilenas, ele partirá para outro na carreira. Será piloto nas etapas da Mitsubishi Cup. Até o convite para o Dakar, vinha disputando competições de motos, como começou a trajetória esportiva em 1988.

Ser novato no Dakar costuma significar muito sofrimento. Que­­bras, abandono de etapas, punições e, para quem chega ao fim, horas de diferença para os primeiros colocados. Mas não é comum ver estreantes pilotando um Race Touareg, hoje o melhor carro de rali do mundo. A bordo do "Sapo Azul", a primeira participação da dupla paranaense Maurício Neves e Clécio Maestrelli na maior competição off road do planeta vem acompanhada da expectativa de competir de igual para igual com os principais nomes do rali.

"Queremos ficar entre os cinco primeiros e não ser o último carro da (equipe) Volkswagen", planeja Neves, responsável por guiar o Touareg pelas rotas entre a Argentina e o Chile, na segunda edição sul-americana do Dakar, de 2 a 16 de janeiro.

Além dos outros quatro Toua­­­reg, eles esperam a forte concorrência de carros da BMW, Mit­­su­­bishi, Hummer e Nissan. Entre os companheiros de equipe, os atuais campeões, Giniel de Villiers (África do Sul) e Dirk Von Zitzewitz (Ale­­manha), e os vice-campeões Mark Miller (Estados Unidos) e Ralph Pitchford (África do Sul). Comple­­tam a lista os vencedores do último Rally dos Sertões, Carlos Sainz e Lucas Cruz (Espanha), e Nasser Al-Attiyah (Ca­­tar) e Timo Gott­­schalk (Alemanha), que terminaram em segundo o Sertões.

Foi o desempenho de Neves na prova que abriu as portas para o Dakar. Guiando o terceiro Sapo Azul, ao lado do navegador Eduardo Bampi, ele só terminou em quinto por causa de um incidente logo no segundo dia, mas convenceu a Volkswagen de que poderia continuar no time. "Em termos de resultado, foi uma porcaria. Mas o desempenho foi perfeito. Consegui andar no mesmo ritmo e às vezes até mais rápido que o Sainz e o Nasser", analisa.

Enquanto era negociada a participação no Dakar, Bampi avisou que motivos profissionais o impediriam de competir. Prontamente Neves recorreu ao velho parceiro Clécio Maestrelli, companheiro na conquista do Sertões em 2007.

"Já era a primeira opção pa­­­ra o Sertões. A equipe exigiu al­­­guém que falasse inglês e tivesse ex­­periência no Dakar", diz o pi­loto.

Na época, Neves não quis impor nada. "Agora já me sinto mais à vontade e dava para falar ‘quero o Clécio’. Achei que teria mais problema para eles aceitarem. Mas entenderam que ficamos até me­­lhor tecnicamente", conta. Sa­­bendo os termos técnicos em in­­­glês, eles acreditam que vão se virar bem no percurso.

Uma dificuldade será a falta de treinos. Depois do Sertões, o piloto não teve mais contato com o Touareg. Para o navegador será a primeira experiência. O carro vai direto da Alemanha para a Argentina e eles só terão um treino para ajustes de 150 km em Buenos Aires, no dia 29 de dezembro.

A experiência no Dakar também fará falta. "Mas nem tanto, porque o terreno está sempre mudando. Além disso, é só um dos fatores que contam. A habilidade e a sorte também fazem diferença", afirma Neves.

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