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O jogador Ronaldo, que completará 30 anos de idade no próximo dia 22 e se prepara para voltar a jogar pelo Real Madrid, disse que o excesso de favoritismo acabou prejudicando o desempenho da seleção na Copa do Mundo da Alemanha.

Em entrevista exclusiva concedida em sua casa, na Espanha, ao repórter José Ilan, do programa Globo Repórter - a primeira, depois da Copa do Mundo, em junho, e divulgada neste domingo - o craque considerou uma injustiça a cobrança feita aos jogadores e garantiu que não houve 'corpo mole' por parte da equipe.

O atacante disse ainda que espera voltar à seleção, com méritos, mesmo que tenha de recomeçar pelo banco de reservas. Ronaldo também se queixou do assédio promovido por "uma parte da mídia, horrorosa e patética" em relação à sua vida pessoal. Quanto à carreira, salientou que espera jogar mais quatro ainda e terminar o ciclo de atleta, jogando pelo Flamengo.

Leia, a seguir, os principais trechos do depoimento:

FRACASSO NA COPA

— Criou-se um clima exagerado de otimismo, de favoritismo, que entrou na gente. Com certeza foi um fracasso e assumimos toda a culpa por isso; eu, particularmente, assumo toda a culpa. Não tem nada além disso. Não teve corpo mole e não teve falta de entrega como se andou dizendo por aí. Isso é um injustiça com a gente. Nossa história está toda aí. Em 2002, éramos os melhores; a imagem do país. Depois, viramos uns fracassados, uns ingratos, que suaram a camisa, que não dão o sangue. É tudo muito exagerado.

A BOLHA

— No meu caso, principalmente, porque uma bolha me tirou do segundo tempo de um jogo, porque eu estava acima do peso, porque eu tive febre; parecia o fim do mundo. Na mídia, a gente já estava perdendo a Copa do Mundo. Parecia que qualquer probleminha, já era a derrota.

ACIMA DO PESO

— É a coisa mais simples do mundo. Eu me machuquei, quando faltavam cinco jogos para o campeonato (espanhol) acabar. Isso dava um mês e 10 dias, exatamente. E fiquei me tratando, sem poder correr; maneirando na comida, mas sem poder treinar. E eu me apresentei à seleção curado da perna, mas sem treinar. Ninguém foi para a seleção, recebendo um favor. Eu não fui porque o Ricardo Teixeira (presidente da CBF) gosta de mim ou o Parreira gosta de mim, ou sei lá quem gosta de mim. Eu fui porque eu joguei e fiz gol para caramba e mereci estar lá.

SELEÇÃO AGORA

— Eu ouvi falar que vai ser uma ditadura agora, tudo muito rígido. Mas sempre foi! Mas todos os jogadores vão, porque gostam de estar lá, de vestir a amarelinha e se sentir identificado com o país.

FUTURO NA SELEÇÃO

— Meu futuro vai sempre depender do treinador. Se eu merecer estar lá, ele vai me chamar e eu irei com todo o orgulho e todo o prazer da minha vida. Conto com a seleção brasileira sempre, mas não como favor. Eu nunca quis nenhum lugar cativo na seleção, sempre quis ganhar o meu lugar. Se eu passei por cima de alguém, foi porque eu joguei mais e fiz mais gols, e não porque eu fiz alguma sacanagem com alguém.

RESERVA NA SELEÇÃO

— Eu aceitaria sim (ficar na reserva), com certeza. Ninguém tem e nunca teve lugar garantido. Todos os grandes jogadores ficaram no banco e isso não diminui ninguém.

O GOSTO DE CHEGAR AOS 30

— É estranho, porque sempre fui o mais novo da turma da escola, o mais novo do time de infantil, do time de juvenil; até os 26 anos eu era o mais novo ainda na seleção e agora sou tido como veterano. Para o futebol, essa começa a ser idade próxima do fim. O que eu espero agora (como presente), é saúde!

MAIORES RECORDAÇÕES

— Primeiro de tudo, o nascimento do meu filho. Depois, uma carreira vitoriosa, linda, uma história maravilhosa.

FIM DE CARREIRA E FLAMENGO

— Não, ainda não vejo esse fim. Eu ainda tenho objetivos aqui no Real Madri; não tiro da minha cabeça em voltar a ser o número 1 e isso requer um esforço muito grande. Ainda tenho o sonho de jogar no Flamengo. Acho que jogarei mais quatro anos e depois quero curtir muito o meu filho e quero descansar.

VOLTA AO REAL MADRI

— Eu estou muito próximo do retorno. Estou há um mês treinando e já não agüento mais tanto treino, mas espero reconquistar meu espaço nessa fase final. Fiz uma aposta com o Roberto Carlos e com o presidente do clube que ia fazer 30 gols nesta temporada e espero ganhar.

ROMANCES E VIDA PESSOAL

— Eu não me considero (um conquistador). Eu me considero uma vítima, porque nunca abri as portas para ninguém falar da minha vida particular. Eu sou jogador de futebol, sou famoso porque jogo futebol e nunca quis ser alvo dessa parte da imprensa que cuida da vida particular das pessoas e que eu acho horrorosa, patética.

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