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Königstein, Alemanha – Carlos Alberto Parreira parece estar traçando um caminho similar àquele feito por Felipão há quatro anos. Além do discurso paternal, marca registrada do antecessor, o atual técnico vai conduzindo a preparação pré-Copa como Scolari gosta: muito treino recreativo, inúmeras reuniões na concentração e constantes horas de folga.

Mesmo sem os característicos gritos do gaúcho, o comandante da seleção brasileira mostra ter assimilado alguma coisa no trato com os jogadores. Até mesmo o livro A Arte da Guerra, espécie de bíblia utilizada por Luiz Felipe em 2002, já foi lida por ele durante a preparação para o Mundial.

Parreira – conhecido pela extrema frieza – também tem sido mais temperamental nos últimos dias. Não chega a ser explosivo como o agora líder do selecionado português, porém surpreende por algumas demonstrações de emoção e nervosismo. "Tenho estado muito ansioso", disse várias vezes. "Estou dormindo menos e comendo menos, mas isso é uma coisa natural."

Mas não se pode chamar tais coincidências de plágio. Há também grandes diferenças de filosofia. Se na conquista do penta 21 dos 23 jogadores participaram em algum momento dos sete jogos, agora a situação dificilmente irá se repetir. Para a largada na Alemanha-2006 sabe-se de cor os titulares e os suplentes preferidos.

Parreira recorreu ainda à psicóloga Sandra Regina, a mesma que estruturou a preparação mental do grupo no torneio Coréia-Japão. Preocupado com o excesso de favoritismo da equipe, ele foi atrás justamente da mesma pessoa que formulou a chamada "Família Scolari". Em duas oportunidades antes do embarque da delegação para Weggis, na Suíça, onde o time se preparou durante duas semanas, toda a comissão técnica se reuniu com a profissional. Na pauta a busca da fórmula mais eficaz para existir harmonia no grupo. "Aqui, eu sou um gestor de talentos, e não um treinador", explicouparreira.

A estratégia chegou a criar uma cena cômica em Königstein. Ao conceder entrevista coletiva, Parreira começou a escrever com a mão esquerda. O fato chamou a atenção dos jornalistas. E uma resposta inusitada.

"Isso é treinamento. Sou ambidestro. (Usar a canhota) é orientação médica. Depois de uma certa idade, a gente tem de aprender a andar de costas, escovar os dentes com a mão esquerda, pentear o cabelo com a mão esquerda. Os chineses já fazem isso há bastante tempo, há dez mil anos", soltou, com um tímido sorriso.

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