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O governo brasileiro, mais uma vez, planeja fazer vista grossa para décadas de má administração do futebol nacional. Três ideias distintas cujo objetivo é o mesmo, saldar dívidas dos clubes, são costuradas em Brasília. Uma delas, o chamado Programa de Fortalecimento dos Esportes Olímpicos (Proforte), tramado pelo Ministério do Esporte e CBF, projeta o abatimento de débitos fiscais para quem passar a investir em esportes olímpicos.

A articulação beneficiaria clubes – não só de futebol – que desenvolvam a formação de atletas de alto rendimento. Como o plano ainda engatinha, não se sabe como e em que proporção o perdão seria colocado em prática. Mas a intenção seria transformá-lo em medida provisória o quanto antes.

Em outra frente, o deputado José Rocha (PR-BA), presidente da Comissão de Turismo e Desporto da Câmara, apresenta outra proposta para o auxílio na quitação do ônus financeiro do futebol brasileiro, hoje na casa do bilhão de reais.

A ideia do parlamentar é a ‘simples’ troca de publicidade estatal por fatia da quantia devida em Imposto de Renda e INSS. Assim, por exemplo, a Itaipu Binacional poderia estampar sua marca na camisa de clubes paranaenses e a dívida cairia.

Mesmo com finalidade idêntica, Rocha enxerga diferença entre sua ideia e a da CBF. "Acho que essa proposta distorce [o objetivo final] porque ela é uma anistia. Acredito que a Receita Federal não vai aceitar isso. Por que só para o esporte?", questiona. "Se você fizer isso, as Santas Casas, entidades filantrópicas vão querer o mesmo".

O que há de concreto, no entanto, é uma terceira via: a reformulação da Timemania, loteria criada em 2008 com a finalidade de sanear os clubes. Como a arrecadação está abaixo do esperado, o governo pretende deixar o produto mais atrativo mudando a fórmula de jogo para abater parcelas maiores da dívida. A responsabilidade dos clubes seria manter o balanço anual equilibrado, sob risco de rebaixamento. O Proforte também alinha uma situação semelhante de punição.

"O clube também tem de fazer a parte dele, que é ter uma contrapartida. E ela tem de ser de verdade, não de mentirinha. Só que pra isso a CBF tem de assinar junto", cobra o ex-goleiro e deputado Danrlei Hinterholz (PSD-RS). Segundo ele, a nova Timemania, cujo modelo é elaborado por um grupo de trabalho da Câmara, pode entrar em vigor até o fim do ano.

Para os clubes, os grandes beneficiados pela ‘boa vontade’ governamental, resta esperar qual dessas benesses irá vingar – apesar de uma não excluir a outra. "Para nós a situação é interessante, atenderia todos os clubes para uma definição nesse sentido. Não tenho conhecimento do formato [dos projetos], mas tudo que se tome nessa direção será bem-vindo", opina o superintendente do Paraná, Celso Bittencourt.

Segundo o balanço de 2011, o Tricolor tem R$ 5 milhões em dívidas com a União. O Atlético deve R$ 5,2 milhões, enquanto o Coritiba está R$ 21 milhões no vermelho.

"Precisamos ver o critério que será aplicado. É preciso ter isonomia para quem está pagando em dia não ser punido", fecha o presidente coxa-branca, Vilson Ribeiro de Andrade.

O Atlético não atendeu à solicitação de entrevista até o fechamento desta edição. A CBF, procurada pela reportagem, não respondeu os questionamentos da Gazeta do Povo.

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