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Salvador – O pugilista baiano Acelino Popó Freitas surpreendeu o público da noitada de boxe promovida por sua empresa, a BoxeBrasil, ao subir ao ringue na madrugada de ontem para anunciar o fim da carreira vitoriosa de campeão do mundo. Voz embargada, olhos marejados, Popó estava vestido de paletó e gravata, como convém a sua nova função de empresário do boxe.

"A partir de agora, só vou promover eventos. Vocês não vão ver mais o Popó em cima do ringue, lutando", afirmou, para a platéia do ringue improvisado em um hotel da orla de Salvador. Habituado a emocionar-se com facilidade, Popó teve problemas para terminar as frases, pois a cara de choro impedia a articulação das palavras. "O primeiro carro, a primeira casa... Devo tudo, tudo a vocês e ao boxe."

O campeão dos leves da Organização Mundial de Boxe (OMB) tomou a decisão após desentender-se com seu empresário Arthur Pellulo em relação à programação da luta pela unificação dos cinturões com o campeão da Federação Internacional de Boxe, Julio Diaz.

Pellulo antecipou-se ao pugilista e já havia divulgado o combate para janeiro, contrariando desejo de Popó, que pretendia lutar em março. "Já vinha pensando mesmo em parar. Vou sentir saudade do ringue todo dia, pois o quadrilátero é a vida de minha família", disse.

Filho de um ex-pugilista, Niljalma, e irmão de outros três, um dos quais, Luís Cláudio Freitas, representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, Popó diz que sentiria orgulho se um de seus seis filhos também subisse ao ringue.

Popó, que ganhou este apelido da mãe Zuleika, era treinado por Ulisses Pereira e se dizia preparado para a próxima luta, até a tarde de terça-feira, o que aumentou a surpresa, no momento de anunciar sua decisão. "Eu não quis dizer nada antes, porque para mim, seria mais legal encerrar assim, na quentura do ringue, junto do povo".

Nos planos do baiano estão o Projeto Social Acelino Freitas, entidade beneficente localizada no Arraial do Retiro, em uma região pobre de Salvador, e o desenvolvimento da BoxeBrasil, que segundo ele, continuará promovendo lutas e descobrindo talentos da Bahia para o boxe internacional.

Popó também vai se reunir nos próximos dias com os diretores da empresa Malagueta Filmes para conhecer em detalhes o projeto de um filme sobre sua história de vida, desde o menino pobre que dormia no chão até o pugilista vitorioso.

O boxeador baiano deixa o ringue com uma coleção de quatro cinturões de campeão do mundo, o que o leva a tornar-se um dos principais vencedores da história do pugilismo brasileiro. O primeiro cinturão mais representativo foi o mundial superpena pela OMB, conquistado em 7 de agosto de 1999, ao vencer o russo Anatoly Alexandrov, nocauteado no primeiro assalto, uma das características do perfil de Popó.

Ao derrotar o cubano Joel Casamayor, em 12 de janeiro de 2002, Popó unificou cinturões super-pena. Em abril deste ano, reconquistou o título dos leves ao vencer o norte-americano Zahir Raheen, por pontos.

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