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Entenda o caso

O polêmico artigo 9º do regulamento diz exatamente o seguinte:

Art. 9º - Na segunda fase do campeonato, as 8 (oito) EPD (Entidade de Práticas Desportistas) classificadas se enfrentam em turno único, com mando de campo da EPD que teve melhor classificação geral na fase anterior do campeonato.

A parte negritada originou toda a polêmica. Para a FPF, durante o arbitral do campeonato daquele ano, realizado em 2008, os clubes entenderam que na fase final os times de melhor campanha teriam um mando a mais que os demais. Ou seja, os quatro primeiros colocados teriam quatro mandos na fase final, contra três mandos dos quatro times restantes (do 5º ao 8º).

O problema é que literalmente o artigo fala que o primeiro colocado terá os mandos, provocando um "efeito cascata" para os demais. Isso quer dizer que o 2º colocado teria todos os mandos, menos contra o 1º, o 3º ficaria com cinco mandos (menos contra o 1º e o 2º), e assim por diante, com o 8º colocado não tendo nenhum mando, pois teve campanha pior que os seus adversários.

O Atlético contestou o artigo durante o campeonato e tentou deixar a situação mais clara, evitando que o 1º colocado ficasse com todos os mandos. A FPF teria ignorado a questão, que no final acabou em toda essa polêmica.

Da mesma forma que foi anunciado, o julgamento do polêmico supermando foi cancelado pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná. A falta de organização do tribunal e as decisões tomadas no atropelo trouxeram prejuízos para alguns clubes que sequer foram avisados do cancelamento e além de dinheiro com deslocamentos do interior para a capital perderam tempo nesta quinta-feira (15).

O presidente do TJD, Ivan Bonilha, explicou que não houve quórum para que o julgamento fosse realizado. "Obedeci os prazos para a convocação, mas infelizmente apenas quatro auditores, incluindo eu, estariam presentes. Precisaria de no mínimo cinco. Não tinha o que fazer a não ser adiar", disse, por telefone, à Gazeta do Povo. A sessão desta quinta analisaria uma possível nulidade do artigo 9º do Campeonato Paranaense.

O prazo apertado entre a convocação e o julgamento acabou inviabilizando a presença de todos os auditores. "Convoquei para esta quinta, pois era eu quem queria julgar esse processo. Viajo amanhã, portanto haverá mais tempo para que todos os clubes analisem o caso e se manifestem formalmente. Vou intimá-los a apresentar um posicionamento por escrito e devo marcar novo julgamento para daqui duas semanas. Por enquanto, fica valendo a liminar que anula o artigo", concluiu.

O próprio advogado que protocolou a ação, Luiz Carlos de Castro, não compareceu para o julgamento e não sabia do cancelamento. "Tive que me ausentar, mas havia um representante nosso para o julgamento. Estou sabendo do cancelamento agora", disse.

O presidente da Federação Paranaense de Futebol, Hélio Cury, preferiu não comentar o cancelamento, se limitando a reafirmar o que havia sido dito pelo seu vice, Amilton Stival. "Agora é com os clubes. Acatamos o que for decidido".

Clubes se irritam com cancelamento

"Infelizmente, no nosso caso acompanhamos vários clubes e a Associação dos Árbitros, não é a primeira vez que isso ocorre. Em outras oportunidades, no dia das sessões acabam cancelando as vezes avisando pelo telefone ou pela internet, mas nem sempre as pessoas ficam sabendo. Já presenciei representantes das equipes do interior perderem a viagem por não ter sessão. É um prejuízo muito grande", reclamou o advogado Itamar Cortês, representante do Coritiba, ainda nos corredores do TJD.

Para ele, especialmente, o prejuízo foi ainda maior. "Com certeza nos pegou de surpresa. Ficamos sabendo do cancelamento por volta de 17h e isso nos causou muitos transtornos. Eu tinha uma viagem marcada e acabei cancelando passagens e hotel em São Paulo. Infelizmente foi uma surpresa", explicou.

O Atlético Paranaense falou por intermédio de seu advogado, Domingos Moro. "Eu já estava me preparando par sair quando fui alertado por um amigo que me telefonou. É surpreendente, pois foi sem motivo aparente. Estranho mesmo, pois ontem ele (Ivan Bonilha) deu entrevistas dizendo que todos os interessados estariam presentes. Não entendi".

O advogado disse que a rapidez com que tudo foi tratado assustou. "Não sei nem o que dizer. Não entendi o julgamento, não entendi a ação, a inclusão na pauta, a liminar, enfim. Recebemos apenas um comunicado lacônico de que tinha sido cancelada a sessão, sem nenhuma justificativa".

Clubes do interior perdem a viagem

Já o presidente do Iguaçu de União da Vitória, Odenir Borges, um dos requerentes da ação contra o supermando, ficou chateado em perder a viagem. "Já sabíamos que haveria um julgamento e viemos preparados de União, mas como ninguém avisou acabamos perdendo a viagem. Não houve justificativa e nem fomos informados do cancelamento", disse, para acrescentar que o clube aguarda ansioso por uma nova data.

"Estamos aguardando o novo julgamento. Foi uma coisa (o supermando) que prejudicou muitas equipes, principalmente o Paranavaí (que teve que disputar as sete partidas decisivas longe do seu estádio). Os clubes do interior precisam das rendas e tiveram prejuízo. Estou no futebol desde 1979 e nesses 30 anos nunca tinha visto uma coisa dessas. Fomos chacotas no Brasil inteiro", reclamou.

Nem a reportagem da Gazeta do Povo, que iria acompanhar o julgamento em Tempo Real, bem como as redações da Tribuna do Paraná e das rádios Banda B e Transamérica, que sempre acompanham os julgamentos importantes, foram avisadas do cancelamento.

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