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A propalada democracia racial da NBA foi posta em xeque por estudo da Universidade da Pensilvânia. Justin Wolfers, professor de políticas públicas, e Joseph Price, estudante de economia, mostraram que arbitragem de brancos pode influenciar o resultado de partidas disputadas por jogadores predominantemente negros.

Juízes brancos tendem a dar mais faltas contra negros do que contra caucasianos. Por outro lado, a arbitragem de negros costuma marcar mais infrações contra jogadores brancos, embora essa segunda tendência seja menos acentuada.

A diferença na marcação das faltas é, de acordo com os pesquisadores, "grande o suficiente para que a probabilidade de um time vencer seja afetada pela composição racial dos árbitros que irão dirigir a partida".

Segundo os números levantados, os negros fazem entre 0,12 e 0,20 mais faltas quando os três juízes são brancos – isso representa um aumento entre 2,5% e 4,5% nas marcações. O resultado do trabalho, que examinou as temporadas entre 1991 e 2004, foi publicado no New York Times. Nesses campeonatos, foram computados cerca de 600 mil marcações de falta da arbitragem.

O estudo demonstrou também que outros fundamentos estatísticos, como pontuação ou marcação de violações, estão diretamente relacionados à cor da pele de jogadores e árbitros. "A performance do atleta parece cair em todas as estatísticas quando há uma larga oposição racial com a arbitragem", reportam Wolfers e Price.

Especialistas dos EUA em questões raciais que examinaram o estudo acreditam que o preconceito subliminar possa ter contaminado a principal liga de basquete do planeta. David Berri, professor da Universidade Estadual da Califórnia, diz que a NBA espelha o que já acontece fora da quadra.

"Dado que a liga tem preponderância de afro-americanos, talvez fosse bom que houvesse mais árbitros afro-americanos. Pelo mesmo motivo, não é aconselhável que seja escalada força policial branca para a vigilância em bairros negros."

Ian Ayres, professor de direito da Universidade de Yale, diz que as conclusões da pesquisa não causam estranheza.

"Há um consenso crescente de que uma proporção grande de decisões não acontece por discriminação racial consciente. É freqüentemente dirigida de forma inconsciente", explica. "Quando você força as pessoas a tomarem decisões, elas não podem evitar, mesmo que de forma subconsciente, tratar negros diferente de brancos, homens diferente de mulheres", complementa.

Envolvidos no campeonato preferiram ficar distantes da polêmica. Os treinadores Doc Rivers, do Boston, e Maurice Cheeks, do Philadelphia, ambos afro-americanos, não quiseram comentar o assunto. Já Mark Cuban, dono do Dallas e mais controverso dirigente da NBA, disse que todos têm preconceitos. "Somos humanos", ponderou o dirigente, que não se pronunciou sobre possível preconceito racial na quadra.

David Stern, homem-forte da NBA, apressou-se em contrariar as conclusões do estudo. Segundo ele, a liga levantou números que provam o contrário. Joel Litvin, presidente de operações da NBA, foi além. "Essa pesquisa está errada. Pelas estatísticas, eles só podem computar as decisões coletivas dos três árbitros que atuaram na partida. Somos capazes de analisá-las individualmente."

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