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Shaherkani enfrentou Marina Mojica com os cabelos cobertos | Toru Hanai/ Reuters
Shaherkani enfrentou Marina Mojica com os cabelos cobertos| Foto: Toru Hanai/ Reuters

Primeira mulher da Arábia Saudita a participar dos Jogos Olímpicos, a judoca Wojdan Shaherkani disse após a histórica estreia que deseja que sua luta "seja o início de uma nova era" para as atletas do país.

Em entrevista à organização, a única que concedeu após o combate, a saudita se mostrou muito satisfeita por ter participado do evento, mas demonstrou insatisfação com a derrota diante da portorriquenha Melissa Mojica.

"Estou muito emocionada e orgulhosa por representar meu país. Infelizmente perdi, mas farei melhor da próxima vez. Espero conseguir uma medalha", afirmou Shaherkani, que recebeu um convite especial do Comitê Olímpico Internacional para competir nos Jogos. A saudita explicou que o interesse pelo esporte, do qual é faixa azul e começou a praticar há dois anos, surgiu através do pai, também judoca e que a ensinou a lutar.

Shaherkani, que competiu com um tipo de hijab (veste islâmica), que cobriu seus cabelos, mas não o rosto, reconheceu ter ficado impressionada com as centenas de espectadores que presenciaram o combate. "Estava um pouco assustada e perdida com toda essa gente e por ser minha primeira vez. Para mim, estar diante de uma multidão assim é difícil, mas consegui lidar com a situação", afirmou.

Quando o sistema de som do Centro Excel a apresentou como a primeira mulher saudita a estrear nos Jogos Olímpicos, o público respondeu com muitos aplausos.

Após ter feito história, a judoca de apenas 16 anos espera que seu caso não seja uma exceção. "Foi a oportunidade da minha vida. A federação de judô saudita está encantada que eu esteja aqui. Espero que seja o início de uma nova era e de uma maior participação feminina em outros esportes", afirmou.

O presidente da federação saudita, Hani Kamal Najm, também disse sentir muito orgulho da atleta. "Estamos muito orgulhosos que ela seja a primeira mulher a nos representar nos Jogos. Claro que sentiu a pressão, mas soube lidar bem com isso. Tem um grande futuro pela frente. É um bom começo e a partir daqui esperamos progredir", declarou.

O treinador de judô saudita, Mohammed Sabeia, quis esclarecer a situação das atletas na Arábia Saudita. "A situação é de normalidade. Nós não temos nenhum problema com a prática esportiva feminina. Muitas mulheres praticam esportes, mas em lugares especiais, não em clubes abertos a todo mundo. Passo a passo iremos avançando", disse à EFE.

O presidente da federação também quis minimizar a importância do fato de Shaherkani competir usando o hijab após acordo entre a delegação saudita, o COI e a Federação Internacional de Judô, que em princípio havia proibido a vestimenta. "O assunto não é esse. O importante não é se sua cabeça estava coberta ou não", afirmou.

Shaherkani e a atleta dos 800 metros rasos Sarah Attar são as primeiras mulheres incluídas em uma delegação olímpica saudita. Arábia Saudita, Catar e Brunei eram os três únicos países que nunca tinham incluído mulheres em suas equipes olímpicas. Os Jogos de Londres são os primeiros da história em que todos os países participantes têm representação feminina.

Vitoriosa fora do tatame, a atleta permaneceu sobre ele por 1min22s, tempo que levou para Mojica aplicar-lhe um ippon nesta sexta-feira.

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