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Guilherme Giovannoni (12) festeja a suada vitória brasileira na estreia olímpica | Mark Ralston /AFP
Guilherme Giovannoni (12) festeja a suada vitória brasileira na estreia olímpica| Foto: Mark Ralston /AFP

Entrevista

"Tiramos um peso das costas"

Leandrinho, ala-armador da seleção brasileira de basquete.

Você se lembra da última participação do basquete masculino brasileiro nos Jogos?

Eu era pequeno [tinha 14 anos], não lembro direito. E, bom, 16 anos... Sei que agora a gente tem de fazer um bom trabalho. Temos que esquecer essa primeira vitória e trabalhar forte.

Como foi atuar na vitória que marca o retorno do país aos Jogos após 16 anos?

Tiramos um peso das costas. Eu estava muito nervoso, cometi erros que não cometeria em uma partida normal. A Olimpíada é uma competição completamente diferente das que eu joguei. O ginásio é muito grande, tem muita gente. Perguntei para o Mills [australiano que atuou no San Antonio Spurs] se Olimpíada é assim, e ele me disse que depois do primeiro jogo a pressão alivia.

Mas você também joga em ginásios grandes na NBA...

Mas é diferente (defende o Indiana Pacers). Por ser nosso primeiro jogo de Olimpíada, depois de tanto tempo fora, você fica mais ansioso. Eu estava tão nervoso que até briguei com a patroa [o jogador é casado com a atriz Samara Felippo, que estava no ginásio ontem] pelo telefone. Mas já pedi desculpas.

Como esse nervosismo se refletiu em quadra?

O nervosismo atrapalhou. Não fui muito inteligente no arremesso que perdi no fim. Deveria ter segurado a bola, pôr embaixo do braço, ou passar. Essa é uma coisa que não teria acontecido se fosse um jogo normal.

Conseguiu dormir na véspera da estreia?

Só não dormi na primeira noite na Vila Olímpica. Agora o sono está bacana. Mas eu estava nervoso mesmo. Principalmente quando a gente entrou em quadra. É algo que eu sempre vi pela televisão e eu estava aqui, jogando.

Feminino

A seleção brasileira feminina de basquete vai precisar da mesma disposição de sua versão masculina para a partida de hoje, às 12h45, contra a forte Rússia, pela segunda rodada da competição olímpica. Depois de mostrar muita fragilidade na estreia, quando perdeu para a França (73 a 58), a equipe verde e amarela tem a obrigação de reagir para não ser desclassificada ainda na primeira fase. Apesar de o time não considerar essa situação possível – contam com triunfos futuros sobre Canadá e Reino Unido –, há a preocupação de vencer suas partidas para não ficar em quarto lugar e ter de encarar as superfavoritas norte-americanas já nas quartas de final. As russas derrotaram as canadenses na primeira rodada por 58 a 53. O técnico Luis Cláudio Tarallo não quer ver repetidos os erros que custaram caro na estreia. "A gente tem de vivenciar as situações do jogo e não sair da organização, do posicionamento defensivo, da leitura do jogo. Estando na frente ou atrás [do placar]", cobrou, exigindo melhor comportamento tático do time.

A vitória apertada do Brasil por 75 a 71 sobre a Austrália ontem, na estreia do basquete masculino na Olimpíada de Londres, valeu em dobro, na opinião do técnico Rubén Magnano. Mesmo apontando falhas no time, em especial nas bolas de três pontos – levantamento da comissão técnica apontou aproveitamento de apenas 13% nos arremesos de fora da área, o índice mais baixo desde que o técnico argentino assumiu a equipe –, Magnano não deixou de enaltecer o êxito na primeira partida da seleção depois de 16 anos de ausência nos Jogos Olímpicos.

"Este jogo valeu por dois. Pela moral [de ganhar na estreia] e pela qualidade do adversário que vencemos", reforça o treinador, o único com experiência olímpica no grupo – foi ouro em 2004 no comando da Argentina.

O Brasil começou perdendo o primeiro quarto. Na metade do segundo, virou o placar e se manteve sem maiores riscos até o fim da partida, quando a Austrália por pouco não complica. Faltando 40 segundos para o fim do jogo, Leandrinho tentou um arremesso de três que sequer acertou o aro. Logo depois, cometeu a falta que deu a posse de bola para Austrália deixar o placar em 73 a 71, o que forçou Magnano a substituí-lo por Marcelinho Machado. A cinco segundos do fim, Marcelinho Huertas converteu dois lances livres que garantiram a vitória.

Leandrinho admite que estava mais ansioso do que os companheiros pela responsabilidade de defender o país após os 16 anos de ausência. E isso acabou se refletindo em quadra. "O nervosismo atrapalhou. Não fui inteligente naquele arremesso. Deveria ter segurado a bola ou passado. Foi uma coisa que não aconteceria comigo em um jogo normal", revela.

Mesmo com as falhas, Lean­­drinho foi o cestinha do time, com 16 pontos. O armador australiano Patrick Mills foi o maior pontuador da partida, com 20 pontos.

O pivô Thiago Splitter disse que a vitória diante da Austrália serviu para mostrar que o Brasil está muito bem na defesa, fundamento em que o país sempre teve problemas até a chegada de Magnano. "Ficou provado que mesmo jogando mal a gente pode ganhar se tiver com a defesa bem postada. Por isso que 80% do que o que o Magnano fala para gente nos treinos é sobre a defesa", afirma o jogador do San Antonio Spurs.

Grã-Bretanha

O Brasil volta à Arena de Basquete quarta-feira, diante da Grã-Bretanha. Ontem, o técnico Magnano assistiu à partida contra a Rússia para estudar o adversário. "Eles fizeram jogos duros nos amistosos com outras equipes europeias e estão em casa. Temos de fazer com que eles sejam um adversário para eles mesmos, que se irritem diante da torcida", sugere o ala Anderson Varejão.

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