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Willian Rodrigo Viera, o Frodo, seria um garoto normal para os seus 16 anos – não fosse ele dedicar mais de uma hora diária dando socos em um saco de areia para esquecer as mazelas da vida. Com a escassa força de seus braços, compensada pela velocidade juvenil, o garoto busca no pugilismo um futuro melhor para si e a família que deixou em Santa Izabel do Oeste, uma cidadezinha paranaense com pouco mais de 11 mil habitantes.

Cita o exemplo de Popó e lembra de filmes holliwoodianos, como Hurricane e Menina de Ouro, numa tentativa de esconder o real motivo que o levou precocemente ao boxe. Ao contrário de suas duas lutas de estréia (uma derrota por pontos e uma vitória por nocaute), na hora de conversar sobre o assunto delicado o adolescente não encara, prefere olhar para baixo.

Ele revela que é mais fácil estar no ringue, pronto para bater ou levar, do que de frente para um repórter, relembrar uma história que logo estará exposta a milhares de pessoas.

"Mataram meu irmão, passei 5 meses sendo ameaçado. De morte mesmo. Aí minha mãe achou melhor que eu fosse embora", conta.

A história teria a ver com gangues, facadas e tráfico de drogas, mas ficou para trás há seis meses. A data em que Willian – Frodo é apelido novo, já da época do boxe – pegou o ônibus em Santa Izabel do Oeste, próximo de Francisco Beltrão, e rumou a Curitiba.

Na bolsa, algumas peças de roupa e o endereço do primo, proprietário de uma loja de instrumentos musicais localizada no centro de Curitiba, embaixo da academia de Macaris do Livramento, ex-campeão mundial, presidente da Federação Paranaense de Boxe.

"Posso dizer que em 20 anos de boxe, esse é o maior talento que passou por aqui", empolga-se Macaris, que já tem um planejamento para o menino: mais dois anos lutando como amador, profissionalização ao 18 anos e a disputa de um título brasileiro. "No mínimo campeão brasileiro ele vai ser."

Frodo ri da previsão. Orgulha-se de já ter o abdome dividido. E pensa em guardar os recortes das matérias que têm saído sobre ele para levar para mãe, em uma visita de fim de ano.

O jovem boxeador lembra com detalhes da última luta, a que venceu por nocaute o pontagrossense Malandro, de 22 anos: "Percebi que toda vez que eu ia para baixo ele me dava o contragolpe. Daí fiz que ia, ele veio, e para quem estava vendo até parecia que ia me acertar, mas daí surgiu a minha mão."

Um direto que fez o menino derrubar o homem. Mais fácil no ringue do que na vida, onde trabalha oito horas por dia na loja de instrumentos do primo. Do salário, sobra limpo no fim do mês apenas R$ 320. Metade é enviado para a mãe.

Frodo reconhece que as suas principais virtudes são a velocidade e a esquiva. Prova disso é que ele continua firme nos estudos – está no 2.º ano do ensino médio –, caso algo dê errado no esporte.

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