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Os clubes de futebol continuam lutando, desesperadamente, para que o Governo Federal – que também mergulha em gravíssima crise econômica, com consequências imprevisíveis para toda população – permita o refinanciamento de suas dívidas com a União.

As condições propostas pela alta cartolagem do mal administrado futebol brasileiro eram para lá de vantajosas, incluindo o parcelamento em até 240 vezes e descontos de até 70% em multas. A presidente da República vetou o dispositivo, pois o governo estima que as dívidas das agremiações com a União cheguem a R$ 3,7 bilhões.

Como é que os dirigentes conseguiram alcançar esse número expressivo? É o que pode perguntar o apaixonado e ingênuo torcedor. Fácil de responder: praticando o que eles não se cansam de fazer diariamente: pagando salários de R$ 700 mil para treinadores, salários irreais para jogadores e outros membros das comissões técnicas, sem contar com as roubalheiras perpetradas em contratos envolvendo agentes de atletas, intermediários e outros que incham as folhas de pagamento e corroem a economia doméstica dos clubes. E os cartolas seguem cometendo contratações de jogadores medíocres, que há meses não marcam gols, a preço de ouro, em vez de prestigiar as revelações da casa. O discurso não muda e a bola rola mesmo com os estádios vazios.

O futebol brasileiro virou um saco sem fundo, com resultados pífios em campo, tanto por parte dos times, quanto, principalmente, da seleção, usada e abusada para jogos amistosos que só servem para encher os cofres da CBF e na manutenção do poder e do domínio sobre o reino da bola murcha dos nossos dias.

Há informação de que o governo apresentará uma nova medida provisória que assegura facilidades no refinanciamento, atrelando-as a contrapartidas, pelas quais os clubes se obrigariam a adotar boas práticas de governança. Até parece o roto querendo ensinar o esfarrapado.

É improvável que a jura de fidelidade às regras de bom senso administrativo altere a natureza do negócio chamado futebol. Quem conhece o amadorismo misturado à paixão, beirando à irresponsabilidade de diversos dirigentes esportivos, sabe que dificilmente haverá mudança de atitude nos próximos anos.

Só mesmo com a decretação de uma quebradeira geral dos que devem, tipo tratamento de choque, poderia mexer com as estruturas dos clubes. Seria mais ou menos como tratam alguns teóricos da economia: a destruição criadora. Dos escombros é que brotam a prosperidade e isso se aplicou nas recuperações de países como Alemanha e Japão no pós-guerra.

Executando as dívidas e provocando a falência do clube que for inviável, talvez mude radicalmente o panorama com a profissionalização das marcas tão caras aos torcedores e tão valiosas no mercado moderno do futebol bem gerenciado.

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