• Carregando...

"Estos son los brasileños que quieren perder la vida." A frase do policial, ao nos en­­con­­trar na antessala da Co­­missaria (leia-se delegacia) 3 de Febrero, era apenas outro alarme para não invadirmos o Fuerte Apache – "barrio más pe­­ligroso" de Buenos Aires, de onde saiu Carlitos Tevez.

Não quero perder na­­da", respondi. "Vas a perder la cámara...", rebateu o policial, quando avistou o equipamento do fotógrafo Hedeson Alves. Ao deixarmos o local, perseguindo uma viatura guia, recebemos ainda um debochado "tchauzinho", como se trilhássemos rumo sem volta.

Chegando até a Comissaria do lugar, vimos dezenas de carros roubados empilhados e cachorros circulando pelos corredores. Aguardamos até a chegada da ca­­mionete patrulha do subtenente Ortigoza e do oficial Baez. Assim que soube da missão, a dupla riu desacreditada.

"Usted conoce el Bronx?", perguntou Ortigoza. Subimos no banco de trás, dividindo o espaço com coletes à prova de balas – e olha que era apenas uma pauta para conhecer o bairro onde nasceu o ídolo portenho. Cir­­culando pelas ruelas repletas de lixo, a 20km/h, entrei na onda dos policiais Hodges e McGavin, do filme "As Cores da Violência", clássico rodado nas quebradas de Los Angeles. Alguns tipos sinistros, mas, basicamente, região de gente simples, pobre e, certamente, na maioria honesta.

Após percorrermos um legítimo labirinto, paramos próximos de uma cancha. Imedia­­ta­­mente, um assobio alto avisa a presença da polícia na área. Descemos para fotografar o painel de El Apache grafitado na lateral de um dos prédios, antigo abrigo dos militares da vila Ejército de Los Andes, lá pelos anos 70.

Impressiona a quantidade de campos de pelada. Um mais tosco que o outro – constituídos de barro, pedra, vidro e areia. O único em boas condições, coberto por grama sintética, é justamente onde Tevez corria atrás da pelota. Não por acaso.

Eis que o rádio chamou: aviso de arrombamento. Cor­­remos para o endereço. Ortigoza saltou do carro preparado para sacar a pistola 9 milímetro do coldre. Mas, à porta da casa, um velhinho atendeu. Nada demais. "Todo dia és lo mismo", disse o subtenente.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]