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Buenos Aires, Argentina - Cercados por milhares de policiais e seguranças, a arbitragem e as duas equipes ilhadas no gramado. Tor­­ce­­dores tentam invadir o campo derrubando o alambrado, sendo repelidos por es­­pessos jatos d’água. Pedras e pedaços de madeira cortam o céu azul. No Mo­­numental de Nuñez, ainda quase lotado, ecoa das arquibancadas o grito forte e choroso: "Soooy de Riveeer!"

Aconteceu o que metade de Bue­­nos Aires temia. Às vésperas do início da Copa América da Argentina – sexta-feira, com os donos da casa pegando a Bolívia –, o maior campeão do país está, pela primeira vez em seus 110 anos de história, na Se­­gun­­da Divisão. Tragédia confirmada ontem à tarde, no empate por 1 a 1 com o Belgrano.

Obrigado a repetir os 2 a 0 sofridos no confronto de ida do Promoción – repescagem que opõe times da Série A e B –, os Milionários foram recebidos calorosamente por sua torcida. O estádio em pé, cantando e pulando. Papel picado su­­bindo ao ar, fumaça vermelha, bandeiras diversas. Futebol à moda antiga.

Carinho retribuído assim que o apito inicial soou. Após gelar com o gol anulado do rival de Córdoba, o Mo­­numental ferveu com Pavone. O atacante estufou o peito, matou a bo­­la, girou e chutou forte no canto, 1 a 0. Apenas cinco minutos e os Milionários percorriam meio caminho para evitar o vexame.

Otimismo mantido para o segundo tempo, apesar da persistência do placar. Até que, em meio à pressão do River, o Belgrano empatou, com Farré, aos 17. Restava meia hora, mas o destino de um clube mal ad­­mi­­­nistrado há anos estava traçado. No Argentino, o rebaixamento é pe­­lo sistema de pormedio, a média de pontos dos últimos três anos.

O pênalti desperdiçado por Pa­­vone, aos 22, sacramentou o de­­sas­­tre. Silêncio absoluto. A banda de Los Borrachos Del Tablón, a ensandecida e temida barra-brava (torcida or­­ga­­nizada) do Alvirrubro, parou. Dra­­ma interrompido no finalzinho, com uma explosão de violência.

A onda de destruição consumiu o estádio, o clube social do River e as cercanias. O efetivo de 2.200 policiais não conseguia frear a desordem. Ambulâncias circulavam sem parar. Ao final do dia, mais de 100 pessoas ficaram feridas.

Domingo terrível que marca para sempre a história dos Milio­­ná­­rios e, de quebra, aumenta a pressão sobre a seleção argentina na Copa Amé­­rica, na busca por um título significativo depois de 18 anos. A decisão será no palco da tragédia de ontem, no dia 24 de julho..

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