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O piloto Paulo Henrique e o navegador Leandro Macedo: dependência mútua | Valterci Santos/Gazeta do Povo
O piloto Paulo Henrique e o navegador Leandro Macedo: dependência mútua| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Investimento

Sem prêmio, prova custa R$ 15 mi

Na prova estão os principais participantes de raid de todo o país, que concorrem pela glória de erguer o troféu. E só, já que não há premiação em dinheiro. Tanto entre os que brigam pelo título quanto os que estão em busca de superar o próprio limite dentro de um veículo, todos querem grandes doses de adrenalina.

E são doses de adrenalina que têm um custo alto.

"É uma brincadeira relativamente cara. Fizemos um levantamento há uns quatro anos e vimos que o investimento de todos os competidores juntos – incluindo valores dos veículos, custos de equipe, estadia – passava de R$ 15 milhões. Hoje, nem sei quanto seria", diz Luiz Antônio Bernardi, presidente do Jeep Clube de Curitiba.

Não à toa, muitos dos competidores contam com patrocinadores para bancar a disputa.

"Não recebemos premiação em dinheiro, perdemos uma semana de trabalho, só temos gastos. Mas o prazer de ganhar, de vencer o limite é o que vale", diz o navegador Leandro Macedo Ferreira, que pretende, no mínimo, repetir os resultados dos últimos dois anos, quando sua dupla terminou entre os cinco primeiros colocados.

  • Veja o roteiro da 15ª edição do Transparaná

A chegada do anoitecer na cidade de Guaíra será esperada com ansiedade pelas 71 equipes que disputam a 15ª edição do Raid Transparaná. Assim que o sol ceder espaço à lua será dada, nessa cidade do Oeste do estado, a bandeirada inicial da prova. A largada é meramente festiva, para apresentar os competidores ao público e não conta pontos, mas é a hora de sentir o clima da disputa e de fazer os últimos ajustes nos carros. Só a partir das 8 horas de amanhã a disputa é para valer.

"É uma prova em que o piloto tem de contar com o navegador, e vice-versa. E ambos têm de contar com o carro e com um pouco de sorte", resume o navegador Leandro Macedo Ferreira, que participa há 13 anos da competição.

O Transparaná é a maior prova de regularidade em percurso desconhecido realizada no Brasil. Este ano, serão percorridos 1.210 quilômetros, distribuídos em cinco trechos, um a cada dia, atravessando o Paraná de Oeste a Leste, passando por estradas de chão e trilhas em mata fechada.

Aos 15 anos de existência, o raid deste ano terá uma inovação: o monitoramento dos trajetos e tempos de cada automóvel será via satélite, pelo Sistema Totem, o que torna a fiscalização do desempenho das equipes mais precisa.

Em um raid não conta só o menor tempo de chegada, mas sim se o automóvel passou por todos os pontos de controle (PCs) no tempo exato pré-determinado pela organização da prova. Os competidores só conhecem o percurso de cada trecho 30 minutos antes de largar. É função do navegador orientar o piloto por onde seguir.

"Até o ano passado, 20 pessoas se escondiam nos PCs ao longo do percurso de cada trecho e registravam a passagem dos automóveis. Este ano, podemos colocar 80, 100 pontos em cada etapa, obrigando as equipes a serem ainda mais precisas durante toda a rota", explica Luiz Antônio Bernardi, presidente do Jeep Clube de Curitiba, entidade organizadora do Transparaná.

O uso de GPS deve evitar dissabores como o que Ferreira e seu piloto, Paulo Henrique Vieira, tiveram em 2006. Os dois haviam terminado a prova na categoria principal em primeiro lugar, com direito a pódio, fotografia e tudo mais. Mas depois foram informados que o registro de um PC foi descartado e, com isso, caíram para a segunda colocação.

"Para os carros, não muda nada, mas, com mais PCs, teremos mais certeza de quem foi o conjunto mais regular", diz o navegador.

"Não dá para usar algumas artimanhas, vai ser uma prova completamente diferente, em que não se pode falhar. Vamos ter de andar todo o tempo dentro do limite", avalia o piloto Gilberto Ruppenthal, tricampeão da prova (2004, 2006 e 2007).

Pela primeira vez em sua história, a linha de chegada do Transparaná não será no litoral. A organização do evento decidiu trocar a beira-mar por Curitiba. "Os 15 anos da prova merecem uma comemoração especial. Na capital, teremos mais condições de fazer uma grande festa e contar com a presença de autoridades", justifica Bernardi.

Antes de chegar a Curitiba tem muito chão, terra e lama. E quanto mais lama, melhor. "Ninguém aqui quer asfalto", diz Ruppental.

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