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A contratação de duas empresas de parentes de Mário Celso Petraglia para as obras da Arena da Baixada deve ser analisada sob dois aspectos: moral e legal. Moralmente, não é recomendável esse tipo de operação. Mesmo que a Kango tenha experiência no fornecimento de cadeiras, o preço apresentado seja condizente com o mercado, o material seja de primeiríssima qualidade e o negócio tenha transcorrido com total lisura, a relação pai e filho entre o presidente rubro-negro e o sócio da empresa sempre deixará a negociação sob a nuvem do favorecimento.

Este é um ônus do qual Petraglia, como presidente, deveria ter poupado o Atlético. Vale tanto para a Kango do filho como para a contratação do primo Carlos Arcos. E pouco muda essa situação o fato de o clube ser uma entidade privada.

Um clube de futebol não pode ser comparado a uma empresa comum. Empresas têm, em regra, grupos restritos de sócios cotistas, quando não são companhias de um dono só ou firmas familiares. O Atlético tem um Conselho Deliberativo com 300 integrantes e um quadro associativo com mais de 14 mil membros. Qualquer decisão do clube diz respeito a este universo de torcedores.

A implicação legal ainda está se moldando. Passa diretamente pela aprovação do relatório técnico do Tribunal de Contas, que qualifica créditos de potencial construtivo como dinheiro público. Essa determinação aumentaria consideravelmente a responsabilidade com cada centavo investido na Arena. Uma responsabilidade que crescerá ainda mais de acordo com a interpretação do quão inserido o clube está nas legislações que regulamentam o uso de dinheiro público.

Logicamente, o Atlético não vira uma empresa estatal porque está recebendo dinheiro público. Mas a gestão dos recursos deve atender aos requisitos mínimos impostos a um administrador de verba estatal, princípios como o da moralidade e o da impessoalidade.

E o time?

Para o torcedor comum, a questão imediata é: o quanto essas novas polêmicas acerca da Copa podem atrapalhar o rendimento do time? São situações tão distantes que o prejuízo, se existir, será mínimo. O Atlético de Drubscky tem um sistema-base de jogo confiável e atletas capazes de, individualmente, compensar os furos nesta mecânica causados pelos adversários ou carências da própria equipe. Hoje, o Atlético joga melhor que São Caetano e Vitória; está no mesmo nível do Criciúma; perde apenas para o Goiás, grande time da Série B no momento.

Falar que a cobrança por transparência na condução do projeto Copa vai prejudicar o time é fazer a torcida refém de um terrorismo de quinta categoria.

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