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Zé Carlos, goleiro do Paraná, um clube, dois empresários. Exemplo às avessas do projeto vitorioso da Portuguesa | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Zé Carlos, goleiro do Paraná, um clube, dois empresários. Exemplo às avessas do projeto vitorioso da Portuguesa| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Matemática paranista

As projeções ainda são incertas para o Paraná nesta Série B. O Tricolor está na 11ª colocação, com 45 pontos – a 5 pontos da zona de rebaixamento. Pelos cálculos, precisaria de mais uma vitória para escapar da temida degola. Já a distância para o grupo dos quatro primeiros é de 6 pontos. Conforme o matemático Tristão Garcia, o clube tem 1% de chance de subir à elite nacional; e 3% de risco de cair à Série C. Nas próximas duas rodadas, o Tricolor jogará fora de casa contra clubes em situação similar na tabela. No sábado, em Barueri, encara o time da casa (12º, com 44 pontos). Depois, na próxima terça-feira, vai até Natal para desafiar o também ameaçado ABC (15º, com 43).

De um clube atolado em dívidas, sem dinheiro para contratar e completamente dependente da ação de empresários, a Portuguesa se transformou em um modelo de administração –exemplo animador à torcida do Paraná.

O Tricolor, 11.º colocado na Segundona, convive hoje com os problemas superados em menos de cinco anos pela Lusa. A fórmula para a "revolução dos cravos" foi simples: eliminar intermediários e acreditar nos garotos.

Os paulistas do Canindé po­­dem, inclusive, levantar a taça da competição de acesso esta noite. Para isso, bastar vencer o Criciúma, no Estádio Heriberto Hülse, às 20h30, em Santa Catarina.

Mas a volta olímpica dos alvirrubros começou fora de campo – graças à mudança de filosofia na gestão do departamento de futebol.

Hoje, os 35 jogadores do time paulista possuem os direitos econômicos vinculados à Portuguesa. As contratações com participação de empresários foram rifadas.

"Todos os titulares são da Portuguesa. Agora nós temos autonomia. Se recebermos propostas, nós não vamos vender. Se fosse um empresário, vendia na hora", compara Luis Iauca, vice-presidente de futebol do clube.

O "choque de gestão" não ocorreu por acaso. O líder da Segun­­dona chegou a estar bem perto do temido "fundo do poço". Após três anos de parceria com a empresa Ability Sports, o saldo da relação foi negativo.

O tradicional time de imigrantes acumulou R$ 250 milhões em dívidas trabalhistas, foi rebaixado à Série A2 do Campeonato Paulista e escapou por um ponto da degola para a Terceira Divisão do Bra­­si­­leiro, ambos em 2006.

"Não tínhamos jogador ne­­nhum. Foi um desastre. Eles ti­­nham o poder sobre a escolha dos atletas e quem se destacava eles vendiam. Eles só queriam ganhar dinheiro e o clube ficava na mão destes caras", ataca Iauca.

Em 2007, a Lusa se reorganizou, encerrou a parceria e conquistou o acesso nas duas competições. A partir dessa medida, vem colhendo os frutos da retomada gerencial.

"Fizemos contratos longos, compramos os direitos dos jogadores e estamos mantendo os salários em dia", afirma o dirigente.

Os resultados da mudança radical são vistos dentro das quatro linhas. Nesta Série B, em 33 jogos, a Lusa conquistou 70 pontos, um aproveitamento de 70%, com apenas três derrotas. A campanha é a segunda melhor da era dos pontos corridos, atrás apenas do Corin­­thians, campeão em 2008.

A valorização das categorias de base é outro ponto fundamental para explicar o atual sucesso do virtual campeão.

No time que entra em campo nesta noite, oito jogadores são formados no próprio clube. "Não queremos nenhum atleta de agentes aqui dentro. Temos 150 garotos na base, que começam aqui com 11 anos. É neles que apostamos", afirma Iauca.

A comparação com a Vila Capa­­ne­­ma é inevitável. O modo como o Tricolor vem sendo conduzido se assemelha com o período obscuro da Lusa.

Os tricolores têm apenas seis atletas formados em Quatro Barras (sede das categorias de formação) entre os profissionais, administram um passivo judicial, confiam em parceiros e não decolam em campo.

No atual grupo paranista, 14 atletas pertencem a apenas dois empresários. Eles, além de bancar a contratação dos boleiros, muitas vezes, arcam com os salários desses.

Um exemplo é o goleiro Zé Car­­los, que possui metade dos direitos vinculados ao empresário Marcos Amaral e a outra metade a Luiz Alberto de Oliveira.

O vice-presidente de futebol da Portuguesa, Luís Iauca, principal responsável pela mudança no futebol da Lusa, avisa o adversário paranaense: "Dou o conselho de va­­lorizar as categorias de base e buscar jogadores desconhecidos, mas mantidos e contratados pelo clube, sem intermediários. Fazer como nós fizemos, senão nunca vai endireitar".

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