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Ontem, durante o programa de rádio "Café com a Presidenta", a presidente Dilma voltou a falar do R$ 1 bilhão que o governo federal investirá nos atletas brasileiros para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. A verba, para bancar treinamentos e competições de atletas de alto rendimento, será distribuída entre 2013 e 2016 no programa batizado de Plano Brasil Medalhas.

Mas, se era para dedicar sua conversa semanal com o cidadão sobre os Jogos do Rio, teria sido melhor que Dilma escolhesse outro valor – que não as cifras – para comentar. Afinal, a 1.409 dias do início do maior evento esportivo do planeta (a cerimônia de abertura está marcada para 5 de agosto de 2016), o Brasil aparece nos noticiários internacionais não pelo investimento tardio em uma delegação que pretende subir 12 posições no quadro de medalhas, mas sim pela vergonhosa revelação de que o país furtou informações sigilosas do Comitê Organizador da Olimpíada de Londres.

Apesar de ser o principal investidor dos Jogos do Rio, o governo federal optou por se calar sobre o assunto. Dilma nada disse e o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, até o fechamento desta coluna, não havia se pronunciado. Nos Jogos de Londres, integrantes da comitiva brasileira convidada a conhecer o sistema de organização dos Jogos ingleses aproveitaram-se do privilégio para copiar, sem autorização, dados confidenciais do sistema de segurança da Olimpíada de 2012. Depois que o furto foi denunciado por jornais ingleses, o Comitê Rio-2016 admitiu o caso e demitiu, na última sexta-feira, dez funcionários.

Esse primeiro escândalo (alguém duvida de que haverá outros?) aponta para o peso que o Brasil tem dado aos Jogos Olímpicos: vale tudo, desde que resulte em vantagem para o país, no melhor estilo "Lei de Gerson".

Vale levar vantagem ao furtar documentos alheios, jogando no lixo as normas de boa conduta de um convidado (quem gostaria de receber em sua casa um hóspede bisbilhoteiro? Os ingleses não gostaram) e pelo que muitos brasileiros achariam pouca coisa, o furto dos dados arranhou a imagem dos Jogos no Rio. Vale também alardear a liberação de cifras para tentar maquiar a delegação nacional que vai representar o país como "a que mais recebeu investimentos na história".

Com valores invertidos, fica em segundo plano o que realmente é essencial na esfera olímpica: os valores humanos. Entre eles, a ética da competição leal. Até dentro da própria Olimpíada, os atributos olímpicos estão subjugados pela lógica maquiavélica – e perigosa – de um fim justificando os meios.

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