Rio de Janeiro aposta no ineditismo para receber a Olimpíada

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O vídeo atual da candidatura do Rio de Janeiro - um passeio aéreo que ressalta as belezas da Cidade Maravilhosa-, expõe também o que o Brasil tentará disfarçar nesta sexta-feira, em Copenhague, durante a apresentação final antes da eleição da sede da Olimpíada de 2016. Sobram planos e falta consistência ao projeto brasileiro. Com muita coisa por fazer, as apostas brasileiras estão no apelo estético (que não foi suficiente nos anos anteriores) e, principalmente, na inclinação do COI de promover a primeira edição dos Jogos Olímpicos na América do Sul.

Para criar a apresentação do projeto brasileiro, que será exibida nesta sexta-feira em Copenhague, foi chamado o cineasta Fernando Meirelles, principal nome brasileiro do cinema mundial. O diretor foi indicado ao Oscar em 2004 pelo filme Cidade de Deus, rodado no Rio. O conteúdo do novo vídeo é secreto, mas a promessa da delegação é de que a exibição irá impressionar os eleitores do COI.

O impacto positivo, porém, certamente será muito mais visual do que analítico. Com previsão de gastos de US$ 14 bilhões em obras, a candidatura do Rio é, de longe, a mais cara - em segundo lugar está a de Tóquio (US$ 7 bilhões). Além dos graves problemas de infraestrutura e do incipiente legado deixado pelo Pan de 2007, a cidade brasileira tem de provar que pode garantir a segurança necessária para os Jogos Olímpicos.

Os responsáveis pelo projeto brasileiro garantem que as obras serão facilitadas pela realização da Copa do Mundo de 2014 no Brasil. Elas estariam também integradas aos planos de desenvolvimento da cidade previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Se conseguir driblar as questões estruturais, o Rio tem algumas vantagens em relação aos rivais. Os consagrados cartões-postais e paisagens da cidade carioca não têm concorrência nesta disputa A experiência na organização do Pan, apesar de alguns deslizes, foi bem-sucedida e comprovou a experiência do Rio em receber turistas do mundo todo.

O principal trunfo brasileiro, porém, é mesmo o rodízio continental na organização dos Jogos Olímpicos, que ameaça as pretensões de Tóquio e Madri. No caso de uma disputa direta com Chicago, a outra concorrente, pode pesar a favor da candidatura brasileira o fato de a América do Sul nunca ter recebido o evento. Além disso, a última vez que uma Olimpíada ocorreu no continente americano foi realizada justamente nos Estados Unidos (Jogos de Atlanta, em 1996).