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O julgamento dos 13 acusados por corrupção na arbitragem paranaense ficou marcado por uma nova denúncia, desta vez envolvendo o Coritiba. O árbitro Evandro Rogério Roman – que havia revelado o nome de cinco colegas e um apitador aposentado que participariam do esquema – afirmou que um dirigente do Coxa procurou um dos auxiliares da partida entre o clube da capital e o Londrina, que seria apitada por ele, pela semifinal do Campeonato Paranaense de 2003, interessado em contar com a ajuda dos homens de preto para levar o Alviverde à decisão daquela competição.

Segundo Roman, o auxiliar gravou a conversa com este dirigente, intermediada pelo árbitro Carlos Jack Rodrigues Magno (suposto integrante da máfia do apito paranaense) e tem a fita guardada. A prova, no entanto, não foi apresentada no Tribunal.

O acusador não quis afirmar se o assistente procurado foi Altemar Roberto Domingues ou Vágner Vicentin, os dois profissionais indicados para trabalhar naquela partida, e nem mesmo quantificar a oferta que teria sido feita. O jogo, realizado no Couto Pereira, terminou empatado por 2 a 2 e levou o Coritiba à decisão, contra o Paranavaí. O Coxa levou a melhor na disputa com o ACP e conquistou o seu primeiro título estadual após quatro anos de jejum.

"Eles disseram que procuraram o assistente porque disseram que 'Com o Roman não dá nem para conversar'", afirmou o árbitro, irritando Domingos Moro, dirigente do Coritiba na época e advogado de defesa de cinco denunciados pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-PR).

Roman inclusive chegou a pedir ao Tribunal que pudesse revelar esta tentativa de suborno olhando para Moro. A solicitação, contudo, foi recusada pelos auditores.

O árbitro de Cascavel foi o personagem central do julgamento dos 13 acusados por corrupção na arbitragem paranaense, que começou no início da tarde de ontem e só deveria ser encerrado na madrugada de hoje.

Pouco antes do início da sessão, duas pessoas tentaram agredir Roman, no momento em que acusador e acusados se encontraram nos corredores da Federação Paranaense de Futebol (FPF). Foi justamente neste cenário que o auditor Otacílio Sacerdote Filho, responsável pelo inquérito no mensalão do apito, evitou que Roman chegasse às vias de fato com dois rapazes (identificados como possíveis seguranças de um dos réus).

Sacerdote Filho se apresentou no ato da ação, inibindo a dupla. "Eram leões de chácara que queriam intimidar uma das testemunhas cruciais do processo", disse ele. "Não houve briga, apenas uma ameaça. Falaram que iriam 'quebrar' o Evandro", completou.

O presidente do sindicato dos árbitros, Amoreti Carlos da Cruz, tem outra versão – e admite ter coagido Roman. "Tirei satisfação, sim. Mas sozinho. Queria ver se ele teria coragem de me acusar no cara a cara. Só que o rapaz ficou com medo e correu para se queixar com o doutor Otacílio", descreveu.

Passado o episódio, o TJD pediu reforço policial para dar continuidade aos julgamentos. Havia apenas três policiais militares no local. Chegaram então duas viaturas e mais nove homens armados ficaram plantados na ante-sala do Tribunal, fazendo a proteção de todas os dirigentes e árbitros arrolados no caso para prestar esclarecimento.

O clima voltou a ficar tenso às 23h05, quando Roman entrou na sala do Tribunal para depor escoltado pelos policiais.

O árbitro voltou a citar Amorety Carlos da Cruz, Carlos Jack Magno, Marcos Tadeu Mafra, José Francisco de Oliveira, Antônio Oliveira Salazar Moreno e Sandro da Rocha como integrantes do esquema. Porém novamente nenhuma prova foi apresentada.

"São 12 anos convivendo neste meio, ouvindo dirigentes do clube e pessoas que trabalham no futebol, e com base nessas conversas chego às conclusões expostas", afirmou ele, acrescentando que todos os acertos dos quais teve conhecimento eram verbais, sem assinatura de documento ou cheque.

Roman também isentou de culpa o ex-presidente da Comissão de Arbitragem, Fernando Luís Homman. "Ele era até certo ponto um ídolo na escola (de arbitragem) e por alguns momentos foi usado por parte do grupo", disse.

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