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A festa estava armada para o Santa Quitéria voltar à Divisão Especial do futebol amador de Curitiba com um título. Após sete anos afastado de competições oficiais, ninguém acreditava que um dos times mais populares da Suburbana fosse deixar a taça escapar dentro do seu caldeirão, que é como torcedores se referem ao acanhado Estádio Maurício Fruet.

Nem mesmo a vantagem do empate do Olimpique, conquistada com a vitória no primeiro jogo por 3 a 2, era levada muito a sério pelas mais de 1.500 pessoas que passaram a tarde ensolarada de sábado assistindo à final da Primeira Divisão da Suburbana.

No entanto, um baixinho marrento de 22 anos, que chegou a ser comparado ao Romário dos bons tempos, esfriou a animação do Quitéria. Com um gol de cabeça na prorrogação, após a vitória do time da casa no tempo normal por 2 a 1, o atacante Vágner fez com que o troféu tomasse pela segunda vez o rumo da Vila Rio Negro, no Sítio Cercado.

"Eu sempre gostei de jogar, essa é a minha vida. Estou no Olimpique por amor ao futebol, graças a alguns companheiros que foram me chamar em casa para ajudar o time a subir para a Divisão Especial. Deu certo e o trabalho foi coroado com o título", afirmou o camisa 11.

"Contratado" para a primeira partida das oitavas-de-final da competição, quando o Olimpique eliminou o River, Vágner fez 12 gols em apenas 6 jogos. O oportunismo rendeu ao atacante o apelido de "Romário da Suburbana". "Ele é ligeiro, habilidoso... Pode ficar o jogo inteiro sem tocar na bola, mas eu tenho certeza de que na primeira oportunidade que tiver, vai matar o goleiro", explicou o técnico Afonso Baartz Júnior, mais conhecido por Padre na região do Sítio Cercado. "Ele se parece um pouco com o Romário. Mas não esse que está aí jogando no Vasco. Lembra o Romário dos bons tempos", completou.

Vágner usa o sucesso nos esburacados gramados do futebol amador como consolo para a frustrada carreira de jogador profissional. Uma grave contusão – rompeu o músculo adutor da coxa direita – interrompeu o sonho do atacante, ainda na categoria júnior do Rio Branco, de Paranaguá, em 2000. "Esse espetáculo acaba amenizando a minha frustração. Não é um jogo com 50, 60 mil pessoas, mas é muito bonito. Conquistar um título é sempre importante", comentou, resignado.

Justamente no momento em que concedia a entrevista, Vágner viu o seu companheiro e capitão do Olimpique, Neguinho Gullit, soltar um frase emblemática no momento em que recebia o troféu de campeão. "Até parece o Maracanã", disse o camisa 10, em meio aos poucos fotógrafos que procuravam o melhor ângulo para retratar a conquista. Por um instante, o atacante se desligou da realidade. Parece ter imaginado como seria se a cena se passasse no Maior do Mundo.

Imediatamente após os segundos de reflexão, o artilheiro pegou o troféu e saiu correndo em direção aos poucos torcedores do Olimpique que ainda permaneciam no estádio. Afinal de contas, Vágner fez do Maurício Fruet o seu Maracanã na tarde de sábado.

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