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Assista à reportagem em vídeo sobre a rotina da pugilista e como o repórter Angelo Binder se saiu como sparring de Rosilete. Abaixo leia texto sobre o resultado da luta

A Gazeta do Povo acompanhou a rotina de treinos da campeã mundial Rosilete dos Santos, em São José dos Pinhais. Logo nas primeiras horas da manhã, uma corrida em alta velocidade no entorno do aeroporto Afonso Pena. Depois, uma série incansável de abdominais. Após o descanso do almoço, o repórter Angelo Binder subiu no ringue como sparring da campeã. Clique para ler o relato em texto do desafio do repórter.

A paranaense Rosilete dos Santos venceu no último sábado, a argentina Silvia Beatriz Lescano, em Londrina, no Ginásio Moringão. O combate amistoso, comemorativo aos 75 anos da cidade, reforçou o cartel invejável da boxeadora. A luta de oito rounds de duração foi decidida pelos árbitros. Rosilete venceu por 3 a 0 na preferência dos juízes. Após mais uma triunfo na carreira, a paranaense vai tirar férias e deve voltar aos ringues apenas em 2010 para defender o título mundial.

Em 22 lutas na carreira, foram 18 vitórias (11 por nocaute) e apenas quatro derrotas. Aos 34 anos, esse retrospecto deu a ela o primeiro lugar no ranking brasileiro da Box Rec, além da sexta posição do mundo na categoria – peso Galo (53 5kg). "Todos os dias faço questão de agradecer por tudo que tenho. Todos os dias lembro que trabalhava na roça com meu pai até 1997. Às vezes não dá nem pra acreditar que estou aqui", conta ela.

Natural de Castro, região dos Campos Gerais, no interior do Paraná, ela conta que a paixão pelo boxe começou no cinema. "Eu fui assistir um filme sobre o Mike Tyson e decidi que era isso que eu queria pra mim. Um dia o Macaris foi lutar na minha cidade e fiquei encantada com o estilo de luta dele", relembra.

"Logo que conheci a Rosilete vi que ela era decidida. Tudo que ela conquistou foi graças ao esforço dela. Eu apenas ajudo com experiência e técnica que adquiri", ressaltou o marido Mararis do Livramento.

Dissabores

Em meio às conquistas, alguns dissabores ainda não foram superados pela paranaense. Em maio de 2008, na Alemanha, Rosilete enfrentou a bielorrussa Alesia Graf, que colocou em jogo seus dois cinturões: o da União Global de Boxe e da Federação Internacional de Boxe Feminino.

A paranaense desistiu no 5.° round. Os árbitros da luta entenderam que a brasileira não tinha condições físicas de seguir no ringue. "O meu nariz estava sangrando, mas ninguém queria deixar que estancassem o sangue. Se isso tivesse acontecido, eu não sei se ganharia, mas poderia ir mais longe na luta. Mas disputar o Mundial com um ginásio lotado, com mais de 15 mil pessoas, me enche de orgulho", disse Rosilete, que ainda espera ser reconhecida pelo feito inédito para o boxe feminino do Brasil. "Aqui em Curitiba, no Paraná, as pessoas valorizam. Nos outros estados ninguém da atenção", reclama.

Além da perda do sonhado título mundial, Rosilete quase pendurou as luvas prematuramente. No final de 2007, Macaris sofreu um enfarte. Grávida de nove meses da filha Nicoly ela parou de treinar para acompanhar a recuperação do marido. "Não havia como seguir naquela condição. Achei que não fosse mais voltar. Conseguimos manter a academia funcionando com muito esforço, conta a boxeadora."

Vida difícil

Hoje, Rosilete sobrevive exclusivamente do boxe. Com dificuldade, ela e o marido sustentam a casa e a filha. "Não tenho plano de saúde. O que eu tenho são alguns parceiros que me bancam os exames de rotina (cardiológico e o principal deles). Não tenho uma vida ruim, mas paga-se muito mal no boxe brasileiro", afirma. Ela diz que faturou R$ 5 mil na disputa do título da Federação Internacional de Boxe, na Alemanha.

"As pessoas acham que somos ricos porque lutamos fora do Brasil. Não é nada disso. Quem realmente fatura com as lutas são os empresários de fora, que promovem a luta", afirmou Macaris.

Confira o histórico da pugilista

Rosilete dos Santos

Naturalidade – Castro- PR

Cartel: 22 lutas, com 18 vitórias (11 por nocaute) e 4 derrotas

Idade: 34 anos

Currículo amador: estreou em 2001 e fez 16 lutas (14 vitórias, 1 empate e 1 derrota) pela categoria até 54 kg

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