• Carregando...
Deivisson, do Brasil, saca na fácil partida de estreia da seleção contra Ruanda: time nacional não tem a mesma força de seu equivalente no vôlei convencional | Guilherme Taboada/ CPB
Deivisson, do Brasil, saca na fácil partida de estreia da seleção contra Ruanda: time nacional não tem a mesma força de seu equivalente no vôlei convencional| Foto: Guilherme Taboada/ CPB

Há 20 anos, desde Barce­­lona-1992, o vôlei (de quadra ou de areia) sempre garantiu pelo menos uma medalha ao Brasil em Jogos Olímpicos. A realidade no vôlei sentado paralímpico é diferente. Ainda recente no país, o esporte adaptado quer, em Londres, elevar o nível da equipe em âmbito internacional.

Um dos principais responsáveis por chefiar esta missão é Fernando Guimarães, técnico da equipe masculina. Inspiração não falta para ele, que é irmão do treinador José Roberto Guimarães, tricampeão olímpico e que, na mesma capital inglesa, conduziu as meninas do Brasil ao segundo ouro consecutivo no vôlei.

No entanto, não se engane pelo sobrenome. Na beira da quadra, Fernando apresenta mais o "estilo Ber­­nardinho de ser": gosta de demonstrar as emoções, fica nervoso facilmente e cobra muito o time durante os jogos. "Já me disseram que fui trocado na maternidade, porque não tenho nada a ver com o Zé [Roberto]. Sou muito nervoso. Ele me dá uns toques, acha que eu falo muito e diz para eu maneirar nas entrevistas, com os árbitros", conta ele que, na função de fisioterapeuta, já trabalhou com o irmão na seleção.

Ontem, na estreia da equipe nos Jogos, Fernando mostrou seu "jeitão". Mesmo após a fácil vitória sobre Ruanda (25/5, 25/5 e 25/13), o técnico já mandou um alerta aos jogadores. "Hoje [ontem] tivemos concentração, mas precisamos manter isso. Falta estabilidade ao nosso time. Vocês vão ver contra times mais fortes: de repente a coisa desanda. Temos de trabalhar", disparou.

Esta é apenas a segunda vez que o time masculino participa da Paralimpíada (em Pequim, foi sexto), enquanto as mulheres vão debutar nos Jogos. O objetivo é seguir o modelo que deu certo na disputa convencional, para levar o vôlei sentado brasileiro ao topo. "Eu me sinto como se estivesse na década 80 do vôlei tradicional, quando começou a vir gente de vanguarda trabalhar na modalidade, mudar concepções. A diferença é que agora temos um modelo que deu certo para seguir", analisa o treinador.

Uma das ações para melhorar o desempenho foi trazer o paranaense Anderson Silva ao time. Ele jogou profissionalmente até 2002, mas abandonou as quadras por causa de seguidas lesões. Por não ter mais a cartilagem do joelho esquerdo, pôde migrar para a modalidade adaptada. Cada seleção pode ter apenas um jogador em quadra com a chamada "mínima deficiência", como a do curitibano.

"A movimentação em quadra [feita com as mãos e não com a perna] é o mais complicado para mim, porque tenho 2,12 m de altura e 125 kg. Mas a gente vai se acostumando e vamos lutar para ficar, pelo menos, entre os quatro melhores", projeta Silva.

Fernando Guimarães pensa mais alto. "Chegamos aqui como a sétima força entre dez seleções, mas vemos evolução. No fundo, acho que dá para ganhar", atesta.

* O jornalista viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]