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"Meu objetivo é disputar uma Copa do Mundo. Estou no ápice. E não existe coisa maior do que isso para um jogador de futebol". A frase do paranaense Alex contrasta com boa parte de sua vida, mas está perfeitamente em sintonia com o atual momento do meia-esquerda do Internacional.

Alex não teve chance de atuar no estado em que nasceu, o Paraná. Não foi por falta de vontade – ele simplesmente não teve oportunidade. Diferente dos conterrâneos que também acabaram no clube gaúcho, Nilmar e Alexandre Pato, que foram levados pelos pais a Porto Alegre, o meia-esquerda viu seu destino ser traçado pelas circunstâncias.

Da mesma forma que é nascido em Cornélio Procópio, mas se diz natural de Santa Amélia, cidade que passou a maior parte de sua infância, Alex saiu do estado adolescente, sem poder escolher. Seus pais são agricultores e, em meados dos anos 90, passaram por todas as dificuldades que os pequenos proprietários de áreas rurais enfrentam até hoje os dias de hoje: dívidas.

Foi assim que o futebol encontrou o paranaense, quando tinha 15, quase 16 anos, na cidade de Campinas, o local escolhido para o recomeço dos Meschini. Até então nem passava pela cabeça do garoto ganhar a vida jogando bola. Mais distante ainda era o sonho de jogar na seleção brasileira ou ser considerado um dos melhores atletas em atividade no país.

"Na verdade, nem pensava muito nisso. Até porque ser jogador era uma coisa muito difícil. Mas as coisas foram acontecendo bem ao natural", conta.

Natural, mas com muitos sobressaltos. Até se firmar no Colorado gaúcho, há pouco mais de dois anos, Alex sempre esteve à prova. Quando chegou em Campinas, fez testes em Corinthians e Guarani, não passou. Então colocou um prazo nas suas tentativas. Se até os 18 anos não conseguisse clube, iria se concentrar nos estudos e trabalho.

Em parte, o objetivo foi atingido. O paranaense foi aceito no Primavera em 99. Um ano depois, estava nas categorias de base do Guarani. Mas logo acabou emprestado para o Pirassununga. Novamente repensou a vida.

"Quando comecei, aí acabei investindo nisso, ser jogador de futebol. Mas no Pirassununga pensei em parar. Faltava comida, a gente não recebia", lembra.

Mesmo depois de chegar ao Inter, em 2003, como a solução da meia-cancha do time gaúcho, ainda teve de enfrentar uma série de lesões. Ele, novamente, esperou, sereno. "Quando estava pronto e vinha bem, tinha uma lesão. Foi joelho, tornozelo... "

Parece ter sido o fim da provação. Alex se recuperou em tempo de conquistar a Libertadores e o Mundial pelo Inter, em 2006. Hoje, é cobiçado por vários clubes estrangeiros.

Há duas semanas, por exemplo, um representante da Juventus da Itália veio ver o jovem Douglas Costa, do Grêmio e saiu elogiando Alex.

"As coisas foram acontecendo naturalmente. Isso dá maturidade. Seja quando for e para onde, o certo é que, até lá, o jogador continuará freqüentando os vôos com destino a Londrina e encarando cerca de uma hora de estrada até Santa Amélia em praticamente toda a folga que tiver. Essa é a rotina de Alex nos últimos três, quatro anos. Ela não deve mudar, no máximo as visitas à terra natal poderão ficar mais espaçadas.

"Todo mundo me conhece, tenho muito amigos lá (Santa Amélia). É uma cidadezinha de cinco mil habitantes. Eu sou um orgulho para cidade e me orgulho disso."

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