Novo projeto estadual visa resultados na Olimpíada de 2020
Em meio a tamanha turbulência, uma iniciativa coloca a ginástica paranaense rumo a 2020. Um projeto de massificação da modalidade encabeçado pelo Ministério do Esporte será colocado em prática a partir de abril, com a inauguração do primeiro de seis núcleos programados para este ano.
A ressaca do carnaval começou antes para a ginástica paranaense e não tem prazo para terminar. Um baque financeiro compromete a modalidade no estado onde ela se revolucionou. Esta semana, o Cegin (Centro de Excelência de Ginástica do Paraná), clube pelo qual competem as atletas da seleção brasileira locadas em Curitiba, perdeu o patrocínio anual de R$ 400 mil da Caixa Econômica Federal. O episódio deixou em suspense o futuro do projeto de alto nível da modalidade na capital.
Estou sem chão, na rua da amargura. Foi um golpe muito violento. Um nocaute", revela a presidente da Federação Paranaense de Ginástica (FPRG), Vicélia Florenzano. "Vou bater de porta em porta [por apoio]. Atrás do governo, de empresários... Não sei o que fazer. Estamos preocupadíssimas", reforçou ela. Da atual seleção brasileira de ginástica artística, treinam em Curitiba Harumy de Freitas, Priscila Cobello, Bruna Leal e Ethiene Franco.
Ex-presidente da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) por 17 anos, a dirigente apoiou a candidatura da sucessora Maria Luciene Resende [em dezembro de 2008], acusada agora de não ter comunicado o corte da verba. A situação reforçou o racha entre a FPRG e a CBG, responsável pelo repasse, e deixou a entidade local sem saber como bancar seus gastos.
"Tivemos uma assembleia de três dias em Aracaju [sede da confederação] no último fim de semana. Vi em um orçamento que não constava o nome da Cegin. Perguntei ao diretor financeiro da CBG, Ary Resende, marido da Luciene, o motivo. E ele disse apenas que era porque não se sabia o valor do repasse total da Caixa. Se R$ 4 milhões ou R$ 4,5 milhões. Então, liguei para a Caixa para obter informações e me disseram simplesmente que estávamos fora. Não tínhamos sido incluídos pela Confederação", conta Vicélia.
Segundo a dirigente local, a CBG detém essa prerrogativa e poderia cancelar o repasse ao Clube Caixa forma como foi constituída a organização paranaense em 2007. Além da estrutura local, única no país a receber montante de tamanho valor, o projeto previa à época 18 centros de excelência para a descoberta de talento hoje são 22 e novos Clubes Caixa para aprimoramento de atletas, que ainda não foram montados.
"A Luciene tem esse direito e eu aceitaria qualquer desculpa. Mas isso deveria ter sido feito antes. No fim de 2010, por exemplo, quando nos foi pedido pela CBG a planilha para 2011. Todas as empresas agora fecharam seus orçamentos. Estou perplexa de ver como uma presidente pode tratar um assunto de tal importância dessa forma. Só não posso considerar como uma retaliação, pois seria um golpe contra o esporte", cobra.
Maria Luciene Resende foi procurada durante dois dias pela reportagem e não foi encontrada. A assessoria de imprensa da CBG foi informada do teor da matéria, mas disse não ter conseguido contato com a direção da entidade para se pronunciar sobre o assunto.
Para bancar os salários de março dos professores do Clube Caixa paranaense, a diretora técnica da FPRG, Eliane Martins, emprestou dinheiro próprio devidamente documentado , na última sexta-feira, no valor de R$ 15 mil. O montante não inclui o salário da ucraniana Iryna Ilyashenko, pago pela CBG por ser técnica de seleções.
Os demais gastos ficarão pendentes por tempo indeterminado. Os valores incluem a ajuda de custo às atletas, o aluguel da casa usada como residência por quatro meninas, 25% das mensalidades de colégios e faculdades [o restante é bancado pelo patrocinador Dom Bosco], viagens para competições e outros custos estimados em cerca de R$ 30 mil ao mês.
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