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Um ano depois de ser palco de uma chuva de recordes, o Troféu Maria Lenk chegou ao fim neste domingo sem estabelecer nenhuma nova marca mundial, sul-americana e sequer brasileira na natação. Da piscina da Unisanta, saíram apenas dois melhores tempos da competição. Embora haja um consenso de que os resultados obtidos em Santos, no início do ano, não podem servir de referência, ficou claro que será preciso encontrar uma maneira de compensar a ausência dos supermaiôs, proibidos a partir desta temporada. Solução imediata para os atletas? Fechar a boca.

"Os nadadores, principalmente os mais pesados, vão ter de se tornar mais leves. Além do regime, precisam fortalecer muito a região abdominal. Assim o quadril sobe mais, o gasto energético diminui e o atleta fica mais em cima da água. Tentaremos naturalmente fazer o que a roupa fazia", explica o biomecânico Paulo César Marinho da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.

As duas marcas do campeonato que caíram neste ano foram do austríaco Markus Rogan, nos 200m costas (1m58s21), e da equipe do Minas, no revezamento 4x200m livre (7m20s95). No ano passado, foram 37 recordes de campeonato, 38 sul-americanos, três nacionais e um mundial (Felipe Franca, nos 50m peito).

O nado peito, por sinal, foi o que apresentou a maior queda de rendimento, por exigir mais flutuabilidade dos nadadores. Felipe, que tinha feito 26s89 em 2009, garantiu o ouro agora com 27s81. Nos 200m peito feminino, a diferença ficou ainda mais evidente. Carolina Mussi bateu o recorde sul-americano da prova no ano passado com 2m27s42. Desta vez, terminou em segundo com 2m39s15, quase 12 a mais. Mesmo a campeã da prova de 2010, Michele Schimidt, venceu com 2m37s32.

"O nado alterna momentos de propulsão e de não propulsão. Na fase não propulsora, existe uma tendência natural para o atleta afundar. Então, a roupa fazia com que ele ficasse mais em cima d’água", justifica Paulo César Marinho.

Thiago Pereira piorou em quatro segundos o seu tempo nos 200m medley. Ele foi ouro no Maria Lenk 2009 com 1m58s64 e, em Santos, ficou em segundo, com 2m02s53. Nem o campeão olímpico e mundial Cesar Cielo manteve suas marcas. Nos 100m livre do ano passado, fez 47s60. Desta vez, de bermuda, venceu a prova com 48s63.

"Faz diferença principalmente na recuperação após a prova. A gente nadava com uma facilidade maior para fazer os tempos e terminava bem menos cansado. Já a sensibilidade na água, pelo menos para a gente que é da velocidade, não tem como diferenciar", diz.

Na contramão da tendência, houve quem conseguiu tirar proveito dos novos trajes. Os nadadores mais magros e com facilidade na flutuação não sentiram tanta a diferença, e alguns chegaram até a melhorar suas marcas.

"Eu acabei me favorecendo com a saída do traje por causa do meu estilo, do meu peso. Acho que, por ser magrinho, não fez tanta diferença para mim", alega Tales Cerdeira, um dos grandes destaques da competição, com ouros nos 100m e 200m peito.

O que o biomecânico, técnicos e nadadores concordam é que os tempos do Troféu Maria Lenk 2010 não podem ser determinantes para avaliar o tamanho do "estrago" com a saída dos supermaiôs.

"Eu não imaginava uma queda de rendimento tão acentuada, mas a gente perdeu um pouco da referência por causa da piscina. Então, ainda não consigo fazer uma afirmação sobre isso com as condições que tivemos aqui", avalia Arilson Silva, um dos técnicos do Pinheiros.

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