Genebra - A cúpula do governo da Sérvia alerta que os torcedores e grupos neo-fascistas estão tentando "desestabilizar" o país. Essa foi a conclusão do Conselho de Defesa convocado pelo presidente sérvio, Boris Tadic, ontem, para debater a violência no jogo entre seu país e a Itália na última terça-feira, pelas Eliminatórias da Eurocopa de 2012. O governo anunciou que prendeu 19 pessoas envolvidas na violência em Gênova. Os líderes dos torcedores sérvios foram detidos imediatamente ao desembarcar no país e o governo sabe que será duramente punido pela Uefa.
A polícia italiana já havia prendido 17 torcedores na terça, entre eles Ivan Bogdanov, tido como o principal responsável pelos incidentes. Hoje, o sérvio terá de se apresentar a uma corte na Itália. Ontem alegou que a violência não era o contra o país que hospedava o jogo, mas contra a Federação de Futebol da Sérvia. "Peço desculpas à Itália. Eu direi mais diante do juiz", prometeu, em um comunicado.
Entre os motivos da violência estaria um suposto descontentamento com o fato de um goleiro do Partizan, e não do Estrela Vermelha, atuar como titular de sua seleção. O governo não acredita que esse tenha sido o motivo da revolta que tomou conta das arquibancadas do Estádio Luigi Ferraris e alerta para as razões políticas dos torcedores de extrema-direita. Além disso, a tentativa dos torcedores sérvios de invadir a arquibancada onde estavam os italianos seria outra prova de que o problema não era o goleiro.
Diante da violência, o Conselho Nacional de Defesa da sérvia foi convocado às pressas. No domingo, grupos de extrema-direita já haviam promovido atos de violência durante uma parada gay em Belgrado. "Os hooligans e outras organizações extremistas estão tentando minar a segurança do estado", alertou o Conselho.
A Sérvia aguarda para saber qual será a penalidade que sofrerá por parte da Uefa. O banimento nas Eliminatórias da Eurocopa de 2012 poderia estar entre as sanções. "Estou chocado com o que vi", disse Michel Platini, presidente da Uefa, que deve tomar uma decisão no dia 28 de outubro. "Temos a política de adotar tolerância zero em relação à violência", disse o ex-craque francês.
A Itália também teme sofrer punições, já que ontem entidades como a Fifa e a própria Uefa criticaram a segurança no estádio de Gênova. A Uefa também insinuou que os sérvios não serão os únicos a serem punidos.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que os italianos deveriam aprender com a segurança inglesa e que os incidentes jamais teriam ocorrido nos estádios de Londres, por exemplo. Para o presidente da Federação da Itália, Giancarlo Abete, Blatter deveria primeiro pensar na arbitragem da Copa de 2002, que teria prejudicado a Itália.
Abete se referia ao árbitro equatoriano Byron Moreno, que atuou na vitória da Coreia do Sul sobre a Azzurra, pelas oitavas de final, numa partida marcada por erros grosseiros.
Já o cartola Gianni Petrucci garantiu que a polícia agiu de forma correta em Gênova. "O que ocorreu vai além da lógica", afirmou. "Não entendo porque deveríamos sofrer sanções [por parte da Fifa]", afirmou.
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