A única pressão que a seleção brasileira feminina de futebol sente nos Jogos de Pequim pelo ouro olímpico vem das próprias jogadoras. A craque Marta contou que elas conversam muito no hotel sobre isso e não querem deixar passar mais essa oportunidade, depois da prata conquistada em Atenas-2004.
Sabem que carregam o esporte nas costas, dado o abandono que ele tem no Brasil, sem campeonatos e clubes para trabalhar. Nada disso importa nesse momento. O que elas querem é fazer história ou melhorar a história que já fizeram nos últimos anos. Todas sabem que não há lugar para o segundo colocado na modalidade que escolheram para praticar. E sabem ainda que têm condições de ganhar o ouro em Pequim.
"A pressão é a gente que está fazendo pra gente mesmo. Conversamos muito sobre isso. Temos condições de ganhar esse ouro aqui na China. O Brasil é uma equipe que sempre está disputando finais, tem boas atletas. Sabemos que as nossas rivais jogam agrupadas, de forma tática. Mas nós temos o improviso na hora de decidir um jogo. Isso elas não têm. Também sabemos jogar como elas, mas quando é preciso, improvisamos. É a nossa diferença", comenta.
Do que viu nos Jogos até agora, Marta está convencida de que o Brasil tem boas chances de ficar com a medalha de ouro. Terá dificuldades, mas pode passar por Alemanha (semifinais, segunda-feira) e, muito provavelmente, depois pelos Estados Unidos, algozes na última Olimpíada.
Marta só não quer cantar vitória antes da hora. Sabe os riscos disso. "Temos de impor o nosso jogo. A diferença de hoje para Atenas é que esse time está mais experiente, disputou torneios importantes e ganhou confiança. Aqui não existe adversária para o Brasil. Mas teremos de provar isso."
Ontem, a equipe nacional derrotou a Noruega. O gol de Daniela, aos 44 minutos do jogo no bonito e moderno Estádio Olímpico de Tianjin, abriu caminho. "Uma de minhas características é o chute forte Acertei um que mesmo se a goleira fosse boa ela não pegava", afirmou a meia, o cérebro da equipe.
O Brasil venceu por 2 a 1, com o segundo gol feito por Marta, aos 12/2º. Ela acreditou numa jogada quase morta. Pressionou, ganhou na velocidade, aproveitou a bobeada da zagueira e tocou por cima da goleira. "As jogadoras européias são duras. Elas se apavoram quando a gente pressiona."
Os chineses festejaram, assim como festejaram também o gol da Noruega de pênalti (38/2º, com Nordby).
Marta só ficou indignada com o trabalho da intérprete durante sua entrevista para jornalistas internacionais. "Ela não quer mais ser chamada de a melhor do mundo, não se considera a melhor do mundo." A jogadora não disse nada disso. Comentou apenas que estava sendo muito marcada e que poderia com isso abrir espaço para suas companheiras. A informação errada, no entanto, foi parar no site da Fifa. E o mundo já leu.
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