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Brasil 1. O nome do primeiro barco nacional criado para disputar a mais importante regata de volta ao mundo, a Volvo Ocean Race, é auto-explicativo. Carrega ao mesmo tempo o sentimento patriótico e a idéia de pioneirismo que norteiam o projeto. Iniciativa do velejador Alan Adler, o sonho nasceu da empolgação com as conquistas da vela brasileira na Olimpíada de Atenas. Muito trabalho e um ano depois, foi ao mar pela primeira vez no último fim de semana.

E deixou surpresos os tripulantes, comandados pelo bicampeão olímpico Torben Grael. O primeiro teste foi a regata Eldorado Alcatrazes, na Semana de Vela de Ilhabela. No final da prova de 101 quilômetros, o tempo de 6h0min18s ficou mais de uma hora acima do antigo recorde da distância – 7h13min46s, do argentino Flash Gordon, em 2002 – e mostrou que o Brasil 1 mereceu a condição de "hors concours" dada pela organização da competição.

O recorde se deve, em grande parte, à velocidade máxima alcançada pelo barco. o Brasil 1 atinge até 70 km/h, enquanto as demais embarcações dificilmente passam dos 40 km/h.

"Não poderia ter sido uma estréia melhor. O barco se comportou muito bem no transporte (entre a Marina da Glória, no Rio de Janeiro, e Ilhabela, em São Paulo) e durante essa regata. Ficamos muito animados para os próximos testes", analisou Grael, que esperava ter de fazer mais ajustes do que será necessário por enquanto. Os treinos continuam no Rio de Janeiro com a tripulação de sete brasileiros, dois neozelandeses, um espanhol e uma australiana. O norueguês Knut Frostad só vai se juntar ao time mais tarde.

"Sabemos que só a primeira fase do projeto foi realizada. Agora é que vem os maiores desafios", disse Marcelo Ferreira, companheiro olímpico do comandante na classe Star.

Na competição em Ilhabela, Alan Adler, diretor do projeto e reserva da equipe, também velejou. Ele não esconde o orgulho que sente do Brasil 1. "O barco, graças a todos os patrocinadores, foi construído com cifras e tecnologia que só os países mais avançados possuem. É um clube muito fechado", afirma.

A Volvo Ocean Race começa dia 5 de novembro com uma prova local em Sanxenxo, na Espanha. No dia 12 de novembro, os competidores partem de Vigo, também na Espanha, para encarar 57 mil quilômetros. Eles passarão por Cidade do Cabo (África do Sul), Melbourne (Austrália), Wellington (Nova Zelândia), Rio de Janeiro (Brasil), Baltimore, Annapolis e Nova Iorque (Estados Unidos), Portsmouth (Inglaterra), Roterdã (Holanda) e Gotemburgo (Suécia).

Os tripulantes falam em terminar a volta ao mundo sem nenhum acidente. Mas sabem que a tecnologia do barco lhes dá condições de competir de igual para igual com os demais concorrentes. Uma boa colocação aumentaria o prestígio do esporte com mais medalhas olímpicas do país. "Como o futebol nos dá alegrias a cada quatro anos, nas Copas do Mundo, a vela também consegue isso em Olimpíadas. Queremos que o Brasil 1 siga essa trajetória", diz Adler, esperando ter aberto caminho para o Brasil 2, 3 e assim por diante.

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