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Um telefonema do presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) José Luís Vasconcellos, no dia 14 de janeiro, acabou com a angústia do curitibano Adir Luiz Romeo. Apesar de ser carta marcada, o treinador só sossegou quando recebeu a garantia oficial de que comandaria a seleção brasileira de pista (velocidade) nos Jogos Pan-Americanos, em julho, no Rio de Janeiro.

Professor Romeo, como ficou conhecido na rede municipal de ensino, onde leciona educação física há 25 anos, é daqueles típicos sonhadores, que olham para o Velódromo de Curitiba, no Jardim Botânico, e vêem muito mais do que uma pista de corrida. O técnico fala com emoção da vontade de transformar o local num Centro de Treinamento Esportivo, onde o ciclismo conviveria em harmonia com o tênis, o beach soccer (futebol de areia) e a patinação. "Seria fantástico", diz ele, reconhecendo a dificuldade de se tirar a idéia do papel agora. "Fica para depois do Pan", completa, enquanto caminha pela grande área verde ao lado do velódromo.

O treinador tenta, no momento, encontrar uma fórmula para driblar os inúmeros problemas que atrapalham o desenvolvimento do ciclismo de pista no Brasil. Espécie de primo pobre do ciclismo de estrada (provas longas), a modalidade tem de administrar a falta de patrocínio e de estrutura – atualmente existem apenas três velódromos no país, o paranaense e dois em São Paulo, além de projetos em Maringá, Brasília (DF) e Rio de Janeiro (para a disputa do Pan).

Sem locais adequados para se praticar o esporte, Romeo convive diariamente com a fuga de talentos, fascinados com a popularidade do primo rico, consagrado pelo cascavelense Nilceu dos Santos, o The Flash, tricampeão da Copa América de Ciclismo e chance real de medalha na mais importante competição esportiva das Américas.

"O que um atleta vai preferir? Vir a Curitiba e disputar um campeonato de fundo de quintal que dá três medalhas ou participar da Copa América, concorrer a R$ 2 mil, e ainda aparecer na Rede Globo? É natural", admite, sem esconder a frustração.

Planejada à sombra do ciclismo de estrada pela CBC, os representantes brasileiros da velocidade no Pan sairão basicamente dos atletas que não forem convocados para disputar as provas de longa distância e tenham o biotipo para se adaptar às etapas de "tiro curto". "É difícil, muito difícil. O grau de dificuldade de se conquistar uma medalha no Rio é bem grande", reconhece Romeo, que mesmo assim não joga a toalha. "Acredito no que faço. A questão é acreditar naquilo que te deixam fazer", afirma, já esboçando o calendário de 2007, que contemplará os ciclistas de velocidade com oito provas – em 2006 foram somente três campeonatos.

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