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O esporte brasileiro não demorou para despertar dos Jogos dos Sonhos, como foi definida a Olimpíada de Atenas, que amanhã completa 1 ano de seu encerramento. Logo secaram os louros dos medalhistas e de quem conquistou resultados inéditos para o país. A grande maioria amargou um sucesso temporário, quando a meta era fazer da Grécia um marco na carreira. Quem virou herói no Olimpo, reaprendeu a conviver com a rotina dos mortais.

Os sintomas da síndrome pós-Atenas foram detectados também entre os atletas paranaenses. Dos mais renomados aos estreantes na principal competição esportiva mundial, a avaliação comum é de pouco reconhecimento, falta de investimento e uma ponta de frustração.

As reclamações foram proporcionais ao feito conquistado em 2004. O vôlei masculino, substituto do (não-classificado) futebol em popularidade e estrelas, alcançou o ouro mais badalado. Nem por isso o retorno foi duradouro.

"Parecia que tínhamos conquistado um título mundial. Logo esqueceram. Não existe no Brasil uma cultura de se valorizar os ídolos", reclamou o paranaense Giba. Eleito o melhor jogador na campanha do bicampeonato olímpico, ele contou que os Meninos de Ouro esperavam mais.

"O Brasil infelizmente ainda é um país de memória bastante curta. Não só no esporte. As pessoas precisam matar um leão por dia para que as coisas estejam vivas na memória. Nos EUA ou num grande país da Europa, um atleta que ganha uma medalha olímpica vive a vida inteira sendo respeitado por aquela conquista que é extremamente significativa. Aqui as coisas passam com muita velocidade", reforçou o técnico Bernardinho.

"Foi uma conquista incrível. Mas mudou muito pouca coisa. Apenas tivemos mais compromisso com os patrocinadores", comentou Emanuel, ouro no vôlei de praia ao lado de Ricardo.

Apenas promessas

A prata não refletiu em nenhum benefício à versão feminina e renegada do futebol verde-amarelo. "O oba-oba durou apenas um dia. Festa no aeroporto e pronto", afirmou Dayane, do Novo Mundo, time amador de Curitiba. O sonho do desenvolvimento da modalidade e de um contrato vantajoso ficou só na promessa. Do trio paranaense – Andreia, Dayane e Renata –, apenas a primeira conseguiu uma projeção e voltou a jogar na Espanha.

Se foi assim para aqueles que chegaram ao pódio, o ostracismo atingiu ainda mais seriamente a ala dos sem-medalha. A londrinense Natália Falavigna pensou em abandonar o tatame mesmo após o surpreendente quarto lugar no tae kwon do - o melhor do país nos Jogos. O reconhecimento e o apoio à carreira só vieram após o título mundial, em abril deste ano.

Mau desempenho

Com competições em baixa, o primeiro ano no ciclo olímpico de Pequim 2008 contribui para o "desaparecimento" da maioria dos atletas. Com exceção da própria Natália e do vôlei, que venceu a Liga Mundial, quem participou de competições de ponta não correspondeu. Os últimos a decepcionar foram o triplista Jadel Gragório, sexto lugar no Mundial de Helsinque, e Vanderlei Correiro de Lima, que abandonou a maratona na mesma competição.

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