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Manhã de frio em Curitiba, com termômetro na rua marcando apenas 3 graus. O cenário típico de inverno não intimidou o técnico Bernardo Resende, da seleção masculina de vôlei. Caminhando tranqüilamente, Bernardinho chegou sozinho ao Centro de Capacitação Esportiva, passou no meio de fãs de todas as idades e participou com energia e paciência da atividade promovida para matar a saudade recíproca entre ele e a garotada do projeto Rexona-Ades – que ensina o esporte a jovens carentes. Jogou bola com as crianças, deu um sem-número de autógrafos e tirou fotos antes de aceitar falar sobre o futuro da equipe que, em agosto, venceu a Liga Mundial pela sexta vez.

Ao saber que as perguntas seriam sobre a seleção e não sobre o evento, fez careta, virou o rosto, deu a entender que esperava um descanso do assunto. Mas aceitou o pedido. Logo de cara, o treinador confirmou a intenção de estudar uma forma de vencer seu próprio time para se precaver contra surpresas no que ele considera um dos grandes desafios de seus meninos, o Campeonato Mundial, em Novembro. "A idéia é estudar o Brasil como se fosse um adversário. Tentar detectar as falhas e as virtudes e ver como os outros países estão se preparando para enfrentar essas nossas virtudes", explicou. O processo de análise, usando videos, será no fim de setembro e em outubro.

Desde que ele assumiu a seleção em 2001, o Brasil se tornou o pesadelo dos adversários – entre as conquistas, cinco títulos da Liga Mundial e a medalha de ouro na Olimpíada de Atenas. A decantada supremacia na modalidade é um dos inimigos que Bernardinho espera combater "trabalhando com mais atenção e carinho nos detalhes". "Essa supremacia é passado. Não garante nada para o time além do peso do favoritismo e do aumento da expectativa das pessoas em relação a nós", afirmou. "Esse acúmulo de sucessos gera uma ilusão de imbatibilidade", complementou.

Além de esperar muita complicação em novembro por considerar que muitos times chegarão no mesmo alto nível, o suado 3 a 2 contra a França, de virada, na final da última Liga Mundial exemplificou bem a lição tirada da competição. "Os adversários estão cada vez mais perto da gente, mais fortes. Serviu de alerta de que as dificuldades vão crescer", opinou.

Com a maioria dos jogadores brasileiros atuando no exterior, Bernardinho criou um sistema para poder manter-se atualizado sobre o desempenho de cada um. Além de observar os jogos que pode, ele usa os dados colhidos na internet e conta com observadores que o ajudam na coleta de informações.

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