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Quando Hideo acertou o ângulo em cobrança de falta perfeita, selando o triunfo por 4 a 0 do Bairro Alto sobre o Trieste na primeira partida da decisão da Suburbana, um personagem que estava do outro lado do alambrado ganhou destaque. O ex-atacante Renaldo, com passagens por Atlético, Coritiba e Paraná, acompanhava o confronto no Estádio Francisco Muraro, em Santa Felicidade. Na comemoração do gol que decretou a goleada da equipe visitante, os jogadores correram para abraçar o amigo e torcedor ilustre.

Durante todo o duelo, que deixou o Caba – apelido carinhoso do Clube Atlético Bairro Alto – perto de seu primeiro título do campeonato, os olhos nas arquibancadas já desviavam vez ou outra para observar o ex-jogador de 40 anos. Um talismã a favor do time estreante em finais.

No domingo passado, Renaldo comemorou ao lado de outros ex-atletas, como o zagueiro Cristiano Ávalos, o volante Goiano e Pepo, a conquista do Sul-Brasileiro Amador pelo Internacional de Campo Largo. Agora, a intenção era dar um apoio ao amigo Hideo, com quem atuou no Paraná em 2004.

A carreira do atacante terminou neste ano. Antes de aceitar o convite de Ivo Petry para defender o clube de Campo Largo, ele disputou oito jogos da Copa Espírito Santo pelo Vila Velhense. Um final modesto para um currículo invejável.

Renaldo atuou no Deportivo La Coruña de 1996 a 2001, com a camisa 22, ao lado de Rivaldo, Mauro Silva, Djalminha, Flávio Conceição, e teve participação especial na conquista do título do Campeonato Espanhol, em 2000, encerrando uma longa espera do clube, de 25 anos. Junto com outros jogadores brasileiros que atuaram no La Coruña, ele será homenageado com uma partida de despedida com a camisa da equipe espanhola em março de 2012, em um amistoso contra o Real Madrid.

Antes de se tornar profissional, Renaldo Lopes da Cruz, como todo garoto que sonha com os campos de futebol, teve dificuldades. Começou justamente nos campinhos de várzea. Aos 16 anos, jogando o campeonato amador de Brasília, faltava dinheiro para a condução até os treinos. A refeição diária também era uma luta. Chuteira era um luxo para o qual dependia da ajuda de amigos. "Meus pais reclamavam, pois eu não ganhava nenhuma ajuda de custo para treinar, mas nunca desisti e fui até o fim em busca dos meus objetivos. As pessoas só lembram das coisas boas, das dificuldades que a gente passa na vida ninguém comenta," destacou Renaldo.

Tudo começou a mudar em 1992. Após disputar a Taça São Paulo pelo Guará, o presidente do Atlético, Farinhaque, e o diretor de futebol Carleto se interessaram pelo jovem atacante. "O presidente fez uma proposta para jogar no Atlético, aceitei na hora e fui contratado lá em São Paulo mesmo. Foi o meu primeiro contrato como profissional", lembrou, sorridente. Depois, passou por várias equipes do país, entre elas o Paraná, onde foi artilheiro do Brasileiro de 2003, e o Coritiba, pelo qual atuou por dois meses.

"Tenho um carinho enorme pelo Atlético. Fiz 475 gols na minha carreira e devo muito a esse clube. É triste ver o time nesta situação. Com toda estrutura, estádio de Copa do Mundo e uma torcida invejável, tinha que ser um time de ponta, lutando pelo título ou pela Libertadores, e não brigando pelo rebaixamento", comentou o torcedor ilustre do Bairro Alto.

Antes de deixar o Estádio Francisco Muraro, ainda deu uma pitada de esperança para os rubro-negros. "Estarei na Arena apoiando o time no Atletiba". O talismã funcionou para o Caba e para o amigo de Tricolor. "Foi o primeiro gol de falta que marquei no campeonato e fiz na hora que mais precisamos", revelou Hideo, atestando a energia positiva de Renaldo.

Vice-campeão da Série B da Suburbana em 2010 - o Caxias foi o campeão -, o Bairro Alto agora só depende de um empate no sábado para ficar com a taça da elite em sua primeira final. Um triunfo do Trieste leva a uma terceira partida, com mando definido pela Federação Paranaense de Futebol.

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