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O tatu-bola até foi recebido com simpatia pela maioria dos brasileiros ao ser anunciado como mascote da Copa de 2014. O que não agradou foram as opções de nomes – Amijubi, Fuleco e Zuzeco, disponíveis para votação no site da Fifa. Assim como as opções de batismo da bola sucessora da Jabulani colocadas na internet pela Adidas, fabricante de materiais esportivos parceira da Fifa. Brazuca levou a melhor, mesmo sem convencer muito, na disputa com Bossa Nova e Carnavalesca. Os nomes juntaram os brasileiros na crítica, mas a intenção dos elementos criados para o Mundial claramente é mostrar a união do país em torno do maior evento do futebol mundial. Mãos formando uma taça, slogan "Juntos num só ritmo", um animalzinho ameaçado de extinção e os ídolos Ronaldo e Bebeto formam a corrente que se esforça para passar a imagem desejada.

VÍDEO: Veja a opinião dos curitibanos sobre a mascote da Copa de 2014

O embaixador tatu-bola

Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

O anúncio do tatu-bola como mascote do Mundial do Brasil criou mais um símbolo para a promoção da Copa de 2014. Além de ser um embaixador na divulgação do evento, a Fifa afirma que o animal – considerado vulnerável na escala de ameaça de extinção – representa o trabalho de conscientização ambiental e de alerta à importância da ecologia. Há, porém, quem questione a escolha do tatu, que ainda será batizado, e a imagem que transmite ao mundo.

O martelo foi batido pela Fifa juntamente com Comitê Organizador Local (COL) após a análise de 47 propostas de seis agências de publicidade brasileiras. Vencedora, a 100% Design, de São Paulo, se inspirou na questão ecológica e no perfil brasileiro para desenvolver a mascote. "Tem a questão de ele ser um animal 100% brasileiro que está em risco de extinção. Mas ele representa a capacidade do brasileiro de se transformar, de se adaptar e criar coragem para enfrentar novos desafios. Ele tem essa ousadia", explica a diretora da agência, Renata Melman.

Alguns profissionais da imagem, entretanto, questionam o resultado final e a expressão que o tatu-bola ganhou. "Na questão do design, acho que tem um pouco de equívoco entre a escolha da mascote e a linha que seguiram na logomarca e na bola. Não tem nenhuma sinergia entre eles", destacou o especialista em marketing esportivo Rafael Casagrande.

Para o ilustrador Luís Carlos Fernandes, a escolha do tatu até foi coerente, mas ele acredita que o formato final da mascote poderia ter sido mais bem desenhado. "Acho que um país como o Brasil, que tem Ziraldo, ou Romero Brito, poderia ter criado algo melhor. O desenho ficou muito infantil, muito comercial. E com certeza merecíamos uma coisa melhor". Mas o artista crê que com o tempo a imagem do tatu-bola sofrerá algumas modificações, deixando a mascote com um traço "que diz muito com pouco".

Para o especialista em marketing esportivo Francisco Santos a escolha foi bem feita e o design final agradou. "O tatu-bola é um bicho bem brasileiro. E a expressão que ele tem possui um forte apelo junto às crianças".

O tatu-bola é o 13.º mascote da história das Copas. Entre eles, cinco também eram animais: o leão Willie em 1966 (Inglaterra), o cachorro Striker em 1994 (Estados Unidos), o galo Footix em 1998 (França), o leão Goleo em 2006 (Alemanha) e o leopardo Zakumi em 2010 (África do Sul).

A Jabulani brasileira

Pela primeira vez o nome da bola oficial de uma Copa do Mundo foi decidido em votação popular, aberta em agosto. O resultado saiu no começo deste mês e o escolhido para suceder a sul-africana Jabulani foi Brazuca. Mas as três opções eram contestadas – concorriam ainda Bossa-Nova e Carnavalesca. A reclamação é que o nome deveria ser algo mais intimamente ligado ao povo brasileiro.

As sugestões foram determinadas pela Adidas, parceira da Fifa, responsável pelo registro da marca e a produção das bolas, que alegou querer usar palavras de fácil pronúncia para os estrangeiros. Com a vitória de Brazuca, a empresa declarou em comunicado oficial que o nome representa "o modo de vida cheio de orgulho, emoção e boa vontade dos brasileiros".    

Contudo, existiu uma campanha paralela pela escolha de "Gorduchinha". Era uma homenagem ao locutor esportivo Osmar Santos – famoso pelo bordão "pimba na Gorduchinha" –, que faz parte da história do futebol brasileiro. Muitos artistas, como Faustão, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o tenista Gustavo Kuerten e o capitão do penta Cafu aderiram ao movimento. Porém a Adidas descartou a sugestão, alegando que não poderia registrar a marca, uma vez que ela já era propriedade intelectual de outro.

Em meio à rejeição, há quem veja uma proximidade do nome eleito com o país. "Brazuca até tem uma identidade com a população do Brasil. E é um nome forte de venda", diz o especialista em marketing esportivo Rafael Casagrande.

Clamor por união

As primeiras marcas da Copa do Mundo de 2014 deram os passos iniciais na definição da imagem do evento brasileiro. A logomarca, divulgada em julho de 2010, logo após a Copa da África do Sul, trouxe as cores da bandeira nacional tingindo as mãos que se unem, formando a Taça Fifa. Em maio deste ano o slogan "Juntos num só ritmo" veio reforçar a ideia de união.

"Tanto a Fifa como o COL estão tentando passar a imagem de um Brasil como um todo. Isso é uma coisa clara", constata o especialista em marketing esportivo Francisco Santos. No caso do slogan, ele destaca que os organizadores estão "usando a musicalidade brasileira para reforçá-lo".

A escolha da logomarca foi feita por uma comissão composta pelo ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL), Ricardo Teixeira, o secretário-executivo da Fifa, Jérôme Valcke, o arquiteto Oscar Niemeyer, o escritor Paulo Coelho, a cantora Ivete Sangalo, a modelo Gisele Bündchen e o designer Hans Donner. A turma analisou propostas de 25 agências.

A frase foi selecionada pela Fifa, que avaliou propostas de seis empresas publicitárias antes de tomar a decisão. "O slogan é um convite para que todos os brasileiros se unam e celebrem o imenso sentimento de orgulho pela posição que o nosso país ocupa no cenário global e pelo nosso papel como anfitriões da Copa do Mundo da Fifa 2014", discursou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, na cerimônia de oficialização.

Figuras carimbadas

Foto: Arnd Wiegmann/ Reuters

Bebeto, Blatter, Valcke, Ronaldo e Rebelo em evento na Suíça, sede da Fifa

Até a saída de Ricardo Teixeira da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Comitê Organizador Local (COL), em março, era ele a personificação da Copa do Mundo do Brasil. Uma imagem séria, sisuda e de expressão firme. Atingido por denúncias de corrupção, antes de sair de cena ainda tentou chamar o ex-jogador Ronaldo para ser membro do conselho de administração do COL e, claramente, receber os holofotes. Mais tarde Bebeto se juntaria ao Fenôneno para compor uma dupla de campeões mundiais no time da organização do Mundial.

Eles passaram a trabalhar como porta-vozes em eventos oficiais, apresentações ou vídeos institucionais. "Somos o país da diversidade de culturas, cores e ritmos", disse Bebeto em vídeo no site da Fifa agradecendo a inscrição de mais de 130 mil voluntários para trabalhar na Copa. "Somos conhecidos mundialmente pela nossa alegria, pela nossa simpatia e pelo prazer em receber", emendou Ronaldo na gravação.

Entretanto, apesar deos ex-jogadores participarem da maioria das reuniões, as decisões ficam concentradas nas mãos de outras pessoas. José Maria Marin substituiu Teixeira na presidência da CBF e do COL. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, é o representante do governo federal nos contatos com a Fifa. Luis Fernandes, secretário-executivo do ministério, passou a integrar o conselho de administração do COL. O francês Jérôme Valcke, secretário-executivo da Fifa, é o braço da entidade nas tratativas com o comitê brasileiro, enquanto o presidente Joseph Blatter só participa dos principais eventos.

Goal to Brasil

Foto: Divulgação

A imagem da Copa de 2014 está sendo usada pelo governo federal para incentivar o turismo no país, através do projeto Goal to Brasil. Realizado pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) em parceria com as secretarias municipais de turismo das 12 cidades-sede, o evento reúne em vários países agentes de turismo para divulgar o país e incentivar a vinda de estrangeiros dentro e fora do período do Mundial.

O Goal to Brasil já esteve em quatro locais – Santiago (Chile), Bogotá (Colômbia), Buenos Aires (Argentina) e Paris (França) –, e visitará mais de dez países até a Copa das Confederações de 2013. Em cada reunião, uma cidade-sede trabalha como anfitriã. Brasília, Porto Alegre e Salvador já organizaram o evento. Curitiba será a responsável pela edição de Londres, em março.

"Dentre os nossos objetivos, pretendemos ampliar a visibilidade de certos destinos que são pouco procurados", explicou o diretor de mercados internacionais da Embratur, Marcelo Pedroso. "Queremos mostrar que o Brasil é um país diverso naturalmente, culturalmente e, acima de tudo, moderno. Que não somos exóticos". Em função da parceria com a Fifa, os símbolos da Copa estão sendo utilizados no projeto.

A presidente do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba, Juliana Vosnika, vê o Goal to Brasil como "grande vitrine". "É a possibilidade de fazer algo diferente, como levar um chefe de cozinha regional, com um espaço físico mais destacado", diz. Para ela, a Copa representa a possibilidade de expandir o potencial turístico da cidade. "Teremos um calendário para o ano inteiro. Quem vier terá opções de eventos próximos ao Mundial, antes ou depois."

BatismoNomes da mascote não agradam brasileiros

A votação do nome da mascote está dando o que falar. As três opções disponibilizadas pela Fifa – Amijubi, Fuleco e Zuzeco – não agradaram muito aos brasileiros, que questionam a origem das palavras e o que elas representam. Além disso, uma corrente acredita que dificultam o processo de identificação da população com o tatu-bola.

O trio de nomes foi escolhido por um comitê especial, composto pelo membro do Conselho de Administração do COL Bebeto, o músico Arlindo Cruz, a escritora Thalita Rebouças, o publicitário Roberto Duailibi e a cantora Fernanda Santos. Os nomes foram criados a partir da mistura de outros termos, associados ao Brasil e à Copa do Mundo. Amijubi surgiu de amizade e júbilo, Fuleco é a soma de futebol com ecologia e Zuzeco a junção de azul (cor do casco da mascote) com ecologia. Os três nomes foram elaborados para facilitar o registro da marca.

Para o professor especialista em linguística da PUC-PR José Mercer, não houve coerência. "Foi um construção muito aleatória. Teria de ser um nome curto, como tatu mesmo". Para ele, faltou um estudo sério de linguística e publicidade.

O linguista ressalta que alguns países terão problemas para divulgar o nome da mascote, independentemente do resultado da votação. "Certas regiões tem dificuldade em pronunciar a letra B. Em outras o J com som se G não existe. Ou na Espanha, por exemplo, a letra Z tem som de C".

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Esportes | 1:49

Um boneco inflável do tatu-bola, mascote da Copa do Mundo de 2014, está no centro de Curitiba e a população diz o que acha da escolha do animal como representante do Brasil no Mundial.

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