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Velódromo de Maringá, um dos principais centros do ciclismo de pista do país | Fábio Dias
Velódromo de Maringá, um dos principais centros do ciclismo de pista do país| Foto: Fábio Dias

Os problemas

O TCU pede explicações sobre os seguintes indícios de irregularidades nos convênios do Ministério do Esporte com confede­­rações esportivas com sede no Paraná:

Ciclismo

Falta de divulgação, simulação de competitividade e violação aos princípios da moralidade nos processos de contratação de profissionais administrativos e tomada de preço para compra de bicicletas.

Utilização irregular de recursos na contratação de pessoal para cargos em que deveria haver funcionários capacitados para as funções. Na maior parte dos casos, candidataram-se (e foram contratados) pessoas ligadas à confederação.

Nos processos de compras de bicicletas, participaram da concorrência empresas de parentes do presidente da CBC.

Superfaturamento na aquisição de bicicletas importadas.

Canoagem

Saques indevidos de valores destinados ao custeio de centros de treinamento para cobrir penhoras de processos judiciais.

• R$ 79 milhões. É o valor que o Governo Federal pagou às confederações brasileiras de esportes olímpicos em convênios firmados entre 2010 e 2012.

• R$ 4,8 milhões. É o montante de quatro convênios firmados entre o Ministério do Esporte e as confederações de ciclismo e canoagem, que foram investigados pela secretaria do TCU-PR.

• R$ 1 milhão. É o total contestado pelo TCU-PR e, caso não sejam justificados, terão de ser devolvidos. Do montante, 51% é dos convênios com o ciclismo e 49%, com a canoagem.

Indícios de irregularidades em convênios assinados entre o Ministério do Esporte e as duas confederações brasileiras de esportes olímpicos, ambas com sede no Paraná, apontam o mau uso de dinheiro público na ordem de R$ 1 milhão.

A verba foi liberada para projetos que visam a preparação para os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, na Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), em Londrina, e da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), em Curitiba. As duas entidades terão de explicar as possíveis fraudes na contratação de pessoas e serviços administrativos ao Tribunal de Contas da União (TCU).

"Se nas duas confederações do nosso estado encontramos irregularidades, sinal de que é necessário incentivar que outros estados fiscalizem os convênios com as confederações por todo o país", destaca o secretário no Paraná do Tribunal de Contas da União (TCU-PR), Luiz Gustavo Gomes Andrioli.

No último dia 10, o órgão de fiscalização decidiu pedir explicações ao presidente da CBC, José Luiz Vasconcellos, e ao coordenador-geral de Excelência Esportiva do Ministério do Esporte, Ricardo Avellar, que firmou o convênio, sobre a contratação de pessoal.

O relatório da ministra do TCU Ana Arraes aponta que a CBC não poderia contratar pessoal para exercer atividade, com a verba federal, para função inerente ao funcionamento da entidade – e sim para executar o convênio. Do total de R$ 2,7 milhões concedidos em quatro convênios com a entidade máxima do ciclismo nacional, R$ 503,5 mil estão sendo questionados.

Os trâmites, conforme o documento, também afrontam o princípio da impessoabilidade e da moralidade: os concorrentes aos postos são pessoas com cargos na confederação – como o primeiro secretário da entidade, Marco Antônio Barbosa. Ele foi contratado para o cargo de coordenador-geral da pista. Pelo estatuto da CBC, integrantes da diretoria não podem ser remunerados. Mas por causa do novo posto passou a receber R$ 9,6 mil mensais. "Não há duplicidade de pagamentos", justifica Vasconcellos.

Na contratação da empresa Mundi Produções e Eventos, de Brasília (DF), a equipe de auditoria do TCU-PR encontrou indícios de ausência de competitividade. As concorrentes a prestar serviços administrativos foram duas empresas de um mesmo dono, a GMX e ASC7. O presidente da CBC não soube informar quem é o proprietário da Mundi, mas explicou que foi a vencedora porque "atende outras confederações, está dentro da qualificação necessária".

O dirigente informou que vai prestar todos os esclarecimentos ao TCU e, caso seja obrigado a restituir os valores contestados, o fará. "Se estamos errados, eles vão dizer e vamos ver o que nos orientam."

Já os R$ 523,4 mil que o TCU pediu que a CBCa devolva ao seu destino original – o investimento em quatro centros de canoagem velocidade, um deles em Foz do Iguaçu – foram desvirtuados por causa de penhoras de dívidas herdadas do tempo em que as confederações podiam se associar a promotores de bingos para arrecadar recursos.

Parte desse valor, garante o presidente da confederação da canoagem, João Tomasini, foi devolvido. "A Fazenda Pública do Rio Grande do Sul já devolveu na segunda-feira [22/10] o que havia retirado da conta do convênio", garante, referindo-se ao montante de R$ 349,3 mil. Outra parte foi cobrado pelo município de São Paulo (R$ 153,3 mil, referente a débitos de impostos). O reembolso do valor foi solicitado pela CBCa.

O TCU responsabilizou Tomazini por não ter tomado medidas para evitar que quase 25% dos R$ 2,1 milhões do convênio fosse usado para um fim distinto do programado. Por isso, além da devolução da verba, pediu esclarecimentos ao mandatário da entidade.

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