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Franciele, de Jacarezinho, e Nádia, de Marialva, durante treino da seleção brasileira em Foz | Cristhian Rizzi/ Gazeta do Povo
Franciele, de Jacarezinho, e Nádia, de Marialva, durante treino da seleção brasileira em Foz| Foto: Cristhian Rizzi/ Gazeta do Povo

Entrevista

Luís Cláudio Tarallo, técnico da seleção feminina de basquete

Como será a etapa final da preparação da seleção brasileira feminina para a Olimpíada?

Esta que passou e a próxima semana serão muito importantes, teremos dias de carga intensa de trabalho, incluindo amistosos nos Estados Unidos e na Europa, voltados exclusivamente para os jogos da Olimpíada. A ideia é aproveitar muito bem esses dias a mais de treinamento, conscientizando as meninas e já criando estratégias de jogo levando em conta os nossos adversários.

Que avaliação você faz do grupo do Brasil em Londres, com França, Rússia, Austrália, Canadá e Grã-Bretanha?

Nosso grupo é o mais forte. Caímos em uma chave muito dura. Já tínhamos Austrália e Rússia, que são duas grandes potências do basquete, seleções que pudemos observar agora na competição que participamos na Austrália. Estávamos torcendo para não pegarmos também a França e a República Tcheca, que compõem um bloco intermediário no basquete mundial, nesta primeira fase, mas não deu para fugir, vamos ter de enfrentar a França já no primeiro jogo, no dia 28.

Qual será a estratégia para melhorar o resultado da Olimpíada de Pequim, onde a seleção teve o segundo pior desempenho da competição?

O grupo é formado por algumas jogadoras experientes, já bem próximas da aposentadoria como atletas, e outras bem jovens. Vamos utilizar um pouco disso: a experiência com a vitalidade. Estamos tentando montar um trabalho com esse arranjo para conseguirmos um bom resultado. É difícil avaliar o que aconteceu em Pequim [foi melhor apenas que Mali]. Temos de pensar agora na classificação. As chances são de 50% para sim e 50% para não passar.

Das 12 jogadoras da seleção brasileira feminina de basquete que participarão da Olimpíada de Londres, duas são paranaenses. Nascidas em um estado de pouca tradição no esporte, as pivôs Franciele, de Jacarezinho, e Nádia, de Marialva, tiveram a sorte de ser descobertas por olheiros e levadas para São Paulo – oportunidade que garantiu condições de se desenvolverem em quadra, chegarem à elite da modalidade no país e se tornarem exceção em uma federação com raras oportunidades para o esporte.

De acordo com o site oficial da Federação Paranaense de Basktball (FPB), há 35 clubes filiados para a prática na região – 17 deles ligados as prefeituras municipais do interior. Até a categoria sub-15 são apenas dez agremiações para meninas, rateados em 399 municípios.

"É pouco, mas estamos batalhando para ampliar essa situação", diz o presidente da entidade, Amarildo Rosa. Uma das ações foi colocar o estadual sub-13 na mesma data dos amistosos da seleção, em Foz do Iguaçu – hoje, às 11 horas, o time nacional encara Cuba. "Além de competir, elas veem uma equipe de alto nível em ação".

Nádia conheceu bem esse cenário. Ela iniciou a carreira em Maringá, onde ficou por apenas um ano e, depois de um jogo em Curitiba, recebeu o convite para jogar em Jundiaí, com apenas 13 anos.

"No começo, nem conhecia e nem sabia direito o que era o basquete, mas queria jogar. Com o tempo fui me destacando até ser chamada para a seleção. Mas, o meu sonho ainda é um dia poder jogar em um time do Paraná, minha terra natal", ressalta ela.

A atleta, a exemplo de Fran, teve a carreira alavancada durante os anos que passou em Jundiaí, no interior de São Paulo, sob o comando do técnico Luís Claudio Tarallo, desde dezembro à frente da equipe nacional (ler entrevista ao lado).

"Ele não faz diferenciação com a gente, mas cobra mais porque sabe que podemos render mais", completa Fran, de 24 anos, uma das mais novas e, ao mesmo tempo, experiente representante do Brasil em competições internacionais.

Ela esteve no time que ficou em 11.º lugar na Olimpíada de Pequim e atualmente defende o Hondarribia, da Espanha.

"Não gostava de basquete, nem imaginava ser atleta. O esporte entrou na minha vida logo depois da morte do meu pai. Foi uma forma de preencher os vazios que ficaram. Hoje não me imagino fazendo outra coisa", lembra. "Muito disso se deve ao Tarallo, que me viu crescer."

Empolgadas com a convocação para Londres, ambas dizem esperar corresponder às expectativas da comissão técnica e dos brasileiros que, depois de 16 anos poderão torcer para as seleções feminina e masculina. "A alegria é muito grande", resumem.

Antes de encerrar a preparação pré-olímpica, a seleção faz hoje na cidade da fronteira o segundo amistoso com as cubanas no ginásio Costa Cavalcanti. Até a estreia em Londres, o grupo ainda terá dois compromissos: um jogo-treino nos EUA e um torneio na França.

Os adversários do Brasil na primeira fase serão a França (28), Rússia (30), Austrália (1.° de agosto), Canadá (3) e Grã-Bretanha (5). Os quatro primeiros se classificam para a próxima etapa.

Ao vivo: Brasil x Cuba, às 11 h, no SporTV 3.

Colaborou: Adriana Brum.

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