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A partir de agora, um dos maiores nomes do futebol mundial vai acompanhar o futebol apenas como torcedor. Zagallo garante que não tem planos de voltar a trabalhar como treinador.

- Estou aposentado. Não pretendo voltar a ser treinador de clube ou seleção. Quase não estou vendo futebol - diz o ex-jogador.

Zagallo lamenta não ter continuado como coordenador técnico da seleção depois da Copa de 2006, mas hoje, 13 meses após deixar o cargo, reconhece que não tinha clima para continuar na CBF.

- Não pedi para sair. Se me perguntassem se eu queria continuar, continuaria. Ainda tenho condições. Mas todo mundo sabe que sempre que se perde uma Copa há mudanças na comissão técnica e eu não seria uma exceção - explica.

O cargo de coordenador técnico foi o seu último vinculado ao futebol. Ao receber a aviso de demissão, disse que não pretendia se aposentar e que esperava o convite de alguma equipe. Agora, após uma operação na qual lhe retiraram parte do estômago, o duodeno e a vesícula, concluiu que chegou o momento de pensar na aposentadoria. O homem que se acostumou a ser um vencedor no futebol perdeu 16 quilos desde a cirurgia.

- Estou aposentado, mas se surgir algum convite para trabalhar como coordenador ou conselheiro, posso pensar, embora não aceite nada como técnico – afirma, após ressaltar que não está com idade para suportar a pressão por resultados.

Zagallo diz que é difícil para ele levar uma vida de aposentado, pois sempre trabalhou, desde que começou a jogar futebol.

- Entrei no futebol no início de 1948, como jogador juvenil do América-RJ. Foram 60 anos. Só parei depois da Copa de 2006 – emenda, mas confirma que sua família está feliz com sua aposentadoria.

Tetracampeão mundial, Zagallo não comenta seleção de Dunga

Em seis décadas conquistou quatro títulos mundiais: foi campeão como jogador na Suécia, em 1958, e no Chile, em 1962, como técnico no México, em 1970, e como coordenador técnico nos EUA, em 1994.

- Tenho a felicidade de ser o único tetracampeão do mundo. Deus me iluminou. É difícil que alguém alcance essa marca, inclusive por problemas de idade. Eu tive uma seqüência de jogador a treinador. Ser campeão quatro vezes como jogador é difícil. E para ser campeão quatro vezes como jogador e técnico, é preciso se transformar em técnico e conquistar a Copa, o que é mais difícil ainda – diz.

Zagallo lamentou a falta de talentos no futebol brasileiro, cuja única causa é a fuga dos melhores jogadores para a Europa.

- Ninguém pode proibir um jogador de ganhar mais, mas o pior é que cada vez eles partem mais jovens. Não se formam em seus clubes e já partem. Muitas vezes ninguém sabe se será um grande jogador, porque não teve tempo de mostrar no Brasil toda a sua qualidade.

Reconheceu que um de seus maiores problemas como técnico era que a maioria dos jogadores convocados atuava no exterior e dificilmente conseguia reuni-los para o treinamento.

- Não há tempo. Eles saem da Europa, viajam dois dias, jogam e voltam. As eliminatórias são sempre assim. E é difícil nessas condições. O futebol exige treino - assegura.

Acrescentou que o ex-capitão Dunga também enfrentará esse problema, embora tenha se negado a fazer um balanço detalhado sobre seu trabalho.

- Não sou a pessoa indicada para fazer uma avaliação. Ele foi meu jogador na seleção e sempre foi um líder dentro do campo. Agora no comando, apesar de ser a primeira vez que trabalha como treinador, está indo bem. Porque futebol é resultado e ele conquistou resultados – diz.

Sobre a polêmica protagonizada por Kaká e Ronaldinho Gaúcho ao pedir a Dunga que não os convocasse para a Copa América, conquistada pelo Brasil, Zagallo deu razão aos atletas.

- Em parte eles têm razão. Estavam cansados da temporada no futebol europeu e no momento de descanso são convocados para a seleção brasileira. Depois de descansar eles foram convocados e se apresentaram com todo o prazer para jogar. E eles fazem falta - conclui.

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