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Torcedor corintiano é acompanhado pela polícia. Doze foram indiciados por homicídio - dois diretamente e dez como cúmplices | Juan Karita/Associated Press/Estadão Conteúdo
Torcedor corintiano é acompanhado pela polícia. Doze foram indiciados por homicídio - dois diretamente e dez como cúmplices| Foto: Juan Karita/Associated Press/Estadão Conteúdo

Vítima

Fã do San José será enterrado hoje em Cochabamba

Agência Estado

Kevin Douglas Beltrán será enterrado hoje em Cochabamba, cidade em que morava e que está localizada a 200 km de Oruro, onde faleceu durante a partida entre San José e Corinthians, na noite de quarta, após ser atingido por um sinalizador. Ele viajou com a família unicamente para assistir ao jogo. Kevin era sobrinho de Jorge Ustares, secretário geral do município de Oruro – e que estava no estádio. "Um parente foi assassinado de uma forma irresponsável por pessoas de fora. Foi um delito cometido na frente de 30 mil testemunhas", afirmou. "Era um menino alegre, estudioso e fanático pelo San José, sua grande paixão."

O sinalizador de navio atirado pela torcida do Corinthians atravessou o olho e perfurou o crânio do adolescente de 14 anos. De acordo com o inquérito, era um cilindro de plástico com 2,5 centímetros de diâmetro e 20 centímetros de comprimento.

O médico José María Vargas, do Hospital Obrero de Oruro, que recebeu o corpo de Kevin, disse que a morte foi imediata após o choque. "Ele perdeu massa encefálica por causa do impacto do projétil, que penetrou em sua cavidade craniana. A morte foi imediata", explicou.

O Tribunal de Disciplina da Conmebol promete começar a analisar em "até 48 horas" qual é a responsabilidade do Corinthians na morte do jovem Kevin Douglas Beltrán Espada, de 14 anos, torcedor do San José. Inquérito policial, relato do delegado da partida, imagens de tevê e a súmula do jogo serão utilizados para que a entidade decida se haverá punição ao clube brasileiro.

A reportagem apurou que está descartada a exclusão do Corinthians da Libertadores. A pena máxima seria aplicada apenas em casos extremos, na visão da entidade, como manipulação de resultados. O Timão, no entanto, não deve escapar de uma punição. A mais drástica é a perda de mando de campo ou até obrigar o time a jogar com portões fechados.

A repercussão da tragédia, segundo dirigentes da Con­­mebol, "obriga" a entidade a tomar uma decisão rápida para reforçar a ideia de que o no­­vo Código Disciplinar é eficaz.

O documento foi criado no fim do ano passado, para passar uma imagem de "linha dura" da entidade, que deseja por fim à tese de que a Libertadores é um "vale-tudo". Ontem, a Confederação apenas publicou uma nota de pesar em seu site oficial, lamentando o falecimento do menino de 14 anos, atingido por um sinalizador atirado por torcedores da equipe paulista.

A diretoria do Corinthians decretou luto oficial de sete dias e os jogadores atuarão com uma tarja preta no braço nas partidas contra Bragantino e Millonarios, em 24 e 27 de fevereiro, respectivamente.

O presidente do clube, Má­­rio Gobbi, porém, minimizou o incidente. "Tudo indica que trata-se de uma fatali­­dade. Não tinha clima hostil. Todos estavam vendo o jogo com tranquilidade", disse ontem. "Não posso crer que alguém vai no jogo de futebol para matar o outro. Se eu acreditar em 1% nisso, tenho de sair do futebol", completou ele, que afirmou não acreditar em punição ao Alvinegro. "Não acho justo que um clube responda por atos de uma torcida no campo".

O ministro do Esporte, Al­­do Rebelo, pediu "punição exemplar" aos responsáveis pelo crime. "É inaceitável", resumiu. Segundo o jornal local La Razón, vários torcedores deixaram o estádio, na quarta-feira, chorando.

Embaixada vai acompanhar investigação

Agência Estado

A embaixada brasileira em La Paz enviou ontem um agente consular e um advogado para Oruro, cidade distante 226 km, onde estão presos os corintianos acusados pela morte do torcedor Kevin Douglas Beltrán. Havia receio de que pudessem ocorrer abusos por parte da polícia local por causa da grande comoção que tomou conta da Bolívia.

"É importante que os fatos sejam apurados dentro do processo legal. Os brasileiros devem ter direito à defesa", afirmou Eduardo Saboya, ministro conselheiro da embaixada brasileira.

Em princípio, os diplomatas não vão defender os brasileiros, apenas resguardar os direitos garantidos pela lei boliviana.

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