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Jogadores do Londrina comemoram no vestiário o título estadual de 1992: último grande ato | Arquivo Jornal de Londrina
Jogadores do Londrina comemoram no vestiário o título estadual de 1992: último grande ato| Foto: Arquivo Jornal de Londrina

Depoimentos

Até quando comemorar 92?

O Londrina completa hoje 20 anos da conquista de seu último título expressivo, o de campeão paranaense. Aquele gol de cabeça de João Neves foi visto e revisto incontáveis vezes pelo cada vez mais saudosista torcedor alviceleste. Muito já foi falado sobre esse título.

É saudável relembrar conquistas marcantes, mas viver apenas do ontem é reconhecer-se pequeno. E o Tubarão que a cidade quer tem de ser maior. A questão não é celebrar mais uma data cheia do inesquecível e longínquo título de 92, mas sim saber quando é que o torcedor pé-vermelho, aquele que tem o Londrina no coração, vai comemorar uma grande conquista novamente. Querer um Londrina realmente grande não pode ser um sonho eterno. O Tubarão tem o dever de fazer pulsar os corações cansados que há tempos batem por ele.

Diego Prazeres, editor de esportes do Jornal de Londrina

Ganhamos na loteria

Eu tinha 11 anos em 1992. Nessa época, meu pai levava eu e meu irmão ao Café com frequência. Estacionávamos o Fusca bege, tirávamos aquele famoso motorádio, compravámos um pacote de pipoca, um ki-suco e entravámos no estádio para ver o Tubarão. Lembro que o jogo que antecedeu a final foi contra um time da "capital" (vi na internet que era o Atlético) e que deu muito trabalho. Apesar da angústia, passamos. "Estamos na final", pensei. Sentado naqueles bancos de concreto, ao lado de uma torcida que jogava talco azul (para mim era isso) e fazia um barulho infernal, perguntei para meu pai: "A final é contra quem?". "Contra o Bandeirante", respondeu. Desse jogo, lembro do ki-suco, do gol do Tubarão, do povo jogando para cima saquinhos amarrados com algum líquido – que sempre caía um em mim – e aquele monte de gente sem camisa pulando como se tivesse ganho na loteria.

Alexandre De Mari, editor de arte da Gazeta do Povo

Há 20 anos o Londrina era campeão paranaense. O gol solitário do zagueiro João Neves, no terceiro e decisivo confronto com o União Bandeirante, dava o título ao Tubarão em um sábado de Estádio do Café lotado. Era o último grande feito do clube na última final caipira estadual.

Naquelas três semanas de dezembro, Curitiba perdeu o posto de capital da bola no Paraná, logo que o Atlético tombou diante do Londrina e o Paraná caiu diante do União, pelas semifinais. O sotaque caipira tomou conta de tudo.

"Os torcedores se encheram de orgulho. Dava para perceber isso nas ruas, com todo mundo usando a camisa dos clubes, os jogadores dando entrevistas sem parar. Foi um tempo muito especial, que guardo com carinho", relembra o volante Alexandre Bianchi, 42 anos, uma das revelações daquele Tubarão.

De fato, uma decisão longe da capital é algo raro. Foram somente quatro vezes em 98 edições (desconsiderando na conta o Supercampeonato). E, desde 92, Atlético, Coritiba e Paraná sempre estiveram envolvidos na briga pelo caneco. Paranavaí, vice em 2003 e campeão em 2007 e Adap, vice em 2006, foram os únicos intrusos do interior nessas duas décadas.

"Essa oportunidade de jogar uma final com outro time no interior nos deu ainda mais responsabilidade para vencer. Ainda mais que o clube não era campeão desde 1981", comenta o zagueiro londrinense Márcio Alcântara, 50 anos. Pesava também a rivalidade. Dois representantes do Norte, Londrina e União protagonizavam confrontos "pegados" e equilibrados. Na primeira fase, empataram por 2 a 2. Igualdade mantida nos dois primeiros encontros da finalíssima: 0 a 0 e novo 2 a 2.

"Jogar lá em Bandeirantes não era nada fácil. O time deles chegava junto. Mas o nosso não aliviava também", relembra Aléssio, 42 anos, ponteiro alviceleste na ocasião. Por suportar menos de 15 mil pessoas, o estádio do União não foi utilizado na decisão. Os três duelos aconteceram em Londrina.

O segundo deles foi, de longe, o mais emocionante. Perdendo por 2 a 1, o Tubarão esteve perto de ver o oponente dar a volta olímpica em sua casa. Até que, no último minuto, Márcio aproveitou um cruzamento na área para igualar e forçar o pega derradeiro.

"Quando fiz o gol foi uma emoção muito grande. Lembro da nossa torcida invadindo o gramado, todo mundo me abraçando. Jamais esquecerei", declara o autor do gol salvador.

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