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Entrevista

O jogador concedeu entrevista ao "Fantástico", exibida no domingo (12) e falou sobre homossexualidade e preconceito. Ao repórter Valmir Salaro, da TV Globo, Richarlyson afirmou que sofreu preconceito duas vezes na vida. A primeira, por ser negro, quando ainda era criança. A segunda, já adulto e como jogador de futebol, quando foi chamado de homossexual.

Na entrevista, ele disse que ficou chateado com a declaração do dirigente palmeirense e, principalmente, pela decisão do juiz Maximiano Junqueira Filho, da 9ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo. O juiz negou o prosseguimento da queixa-crime movida pelos advogados do jogador contra José Cyrillo Júnior. No texto da decisão, o magistrado fez considerações homofóbicas.

O órgão especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, formado por 25 desembargadores, vai investigar o juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho. O magistrado arquivou a queixa-crime apresentada pelos advogados do volante Richarlyson, do São Paulo, contra o diretor administrativo do Palmeiras, José Cyrillo Júnior. Segundo informações da assessoria de imprensa do TJ-SP, a avaliação da conduta do juiz será preliminar e Junqueira Filho terá prazo de 15 dias para apresentar defesa prévia.

Depois de receber a defesa do juiz, os desembragadores se reunirão para decidir se será instaurado um processo administrativo com fins de investigação. As penas possíveis para o juiz podem ser de disponibilidade (afastamento com rendimento proporcional ao tempo de trabalho), advertência, censura, remoção compulsória (transferência de local de trabalho) ou aposentadoria compulsória (com rendimento proporcional ao tempo de trabalho).

Polêmica

No dia 26 de junho, o cartolado Palmeiras deu a entender, em um programa de TV, que Richarlyson era homossexual. Três dias depois, os advogados do jogador entraram com queixa-crime contra o cartola pela declaração.

Junqueira Filho arquivou a queixa-crime e usou argumentos considerados homofóbicos na sentença. O fato provocou críticas e o magistrado anulou a própria sentença na sexta-feira (10). Ainda de acordo com a assessoria do tribunal, Junqueira Filho está de licença desde segunda-feira (13).

Dano moral

Os advogados do volante são-paulino Richarlyson anunciaram na quarta-feira (15) que vão protocolar, na quinta-feira (16), um processo por danos morais contra José Cyrillo Júnior. Segundo o advogado do jogador, Paulo Cezar Ferreira, a ação foi motivada depois de Richarlyson ter de mudar de endereço por causa da polêmica.

O volante mora, atualmente, no Centro de Treinamento do São Paulo. "O assédio da imprensa ficou muito grande. O caso tomou uma proporção nacional e internacional e ele não conseguia mais se sentir seguro em seu apartamento, que fica na Aclimação, na Zona Sul de São Paulo."

O advogado disse que Richarlyson foi obrigado a mudar a rotina pessoal. "Ninguém gosta de morar no trabalho. Por conta dessa polêmica, ele teve custos extras, foi privado de sua liberdade e teve de se adaptar a uma nova vida."

O processo contra José Cyrillo Júnior será protocolado, segundo Ferreira, no Fórum João Mendes. "O valor da indenização que será pedida não deve passar de R$ 500 mil. Na verdade, quem irá definir o valor será o juiz. Vai depender de como o magistrado irá analisar o caso", disse o advogado de Richarlyson.

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