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Manifestantes entraram em conflito com a polícia nos arredores do Castelão | Kai Pfaffenbach /Reuters
Manifestantes entraram em conflito com a polícia nos arredores do Castelão| Foto: Kai Pfaffenbach /Reuters

Morte em MG

O confronto entre manifestantes e policiais militares ocorrido na quarta-feira, em Belo Horizonte, deixou um saldo ainda mais trágico do que a destruição registrada na cidade. No início da madrugada de ontem, o governo de Minas Gerais confirmou que o estudante Douglas Henrique Oliveira, de 21 anos, que caiu do viaduto José Alencar durante o tumulto, não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS). Segundo testemunhas, o rapaz tentou pular de uma pista do viaduto para outra, mas caiu no vão que há no local. Ele não resistiu às fraturas múltiplas e ao traumatismo craniano.

Um ônibus que levava torcedores de um estacionamento ao Estádio Castelão foi apedrejado durante os protestos que antecederam a partida entre Espanha e Itália, ontem, pela semifinal da Copa das Confederações, em Fortaleza. O ato reuniu cerca de 6 mil pessoas e foi marcado por confrontos entre a polícia e os manifestantes. O saldo foi de 65 adultos detidos, 27 adolescentes apreendidos e 7 pessoas feridas. A imprensa espanhola chegou a noticiar a morte de uma pessoa, informação desmentida pela Secretaria de Segurança Pública do Ceará.

A mobilização começou às 10 horas, no campus da Universidade Federal do Ceará, e reuniu estudantes, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), policiais militares à paisana e outros movimentos sociais. De lá, seguiram para o Castelão. O confronto começou quando um grupo furou a primeira barreira policial na Avenida Dedé Brasil, a um quilômetro do estádio.

Os manifestantes usaram rojões, pedras, bolas de gude e bolas de sinuca espetadas com pregos para abrir caminho. Após ganhar território, formaram uma barricada com pneus queimados para manter a polícia afastada. A PM respondeu com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de gás lacrimogênio.

"As pessoas vieram mais preparadas agora do que na manifestação anterior", constatou o comandante geral da Polícia Militar do Ceará, Werisleik Matias, em referência ao ato que reuniu 80 mil pessoas no dia 19, quando Brasil e México se enfrentaram no Castelão.

O ônibus que transportava torcedores acabou no meio do confronto por engano. O veículo fazia a transferência de um estacionamento VIP até o estádio e o motorista errou o caminho. Assim que entrou na Dedé Brasil, foi cercado pelos vândalos e teve todos seus vidros quebrados. Os torcedores conseguiram sair rapidamente e seguir até o Castelão sem ferimentos.

Outros torcedores que passavam a pé pela via de acesso à arena também tiveram dificuldades. Eles corriam com os ingressos levantados acima da cabeça, para mostrar à polícia que não faziam parte do protesto.

O grupo violento de manifestantes ainda incendiou um veículo de imprensa e depredou outro, além de queimar placas de publicidade dos patrocinadores da Fifa. Moradores da região ficaram confinados às suas casas e ainda tiveram a respiração prejudicada pelas bombas de gás jogadas pela polícia. Um mecânico que trabalhava em sua oficina acabou sendo atingido na boca por uma bala de borracha perdida.

A polícia só conseguiu dispersar a manifestação por volta das 17h30. Para isso, teve de usar quatro helicópteros, a cavalaria e motocicletas. Nessa ação final que foram realizadas as detenções e apreensões. Todos foram levados ao 16.º Distrito Policial de Fortaleza acusados de incitarem a violência. Acabaram liberados após prestarem depoimento e assinarem um termo circunstanciado.

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