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Federação local vive disputa nos tribunais

A natação paranaense enfrenta uma maré turbulenta. A disputa política no comando da Federação de Desportos Aquáticos do Paraná (FDAP) foi transferida para os tribunais, o posto de presidente já mudou de mãos três vezes este ano e o impasse promete se arrastar. O imbróglio começou na eleição, em fevereiro. Dos 27 clubes federados, 25 estavam representados. A chapa da situação, encabeçada por Luiz Fernando Graczyk, venceu por 22 a 3 a chapa de Sílvio Azevedo Pereira. O opositor contestou a validade do credenciamento dos eleitores e recorreu à Justiça.

"Ao ver da chapa que, entre aspas, perdeu, os votos são inválidos por terem sido exarados (registrados) por agentes inaptos, de acordo com o estatuto da federação", explicou o advogado Felipe Bezerra.

Segundo ele, os votantes poderiam ser presidentes e diretores com procuração e não foi o que ocorreu. Aceitando essa interpretação, 18.ª Vara Cível de Curitiba anulou os votos da situação e declarou a vitória de Pereira, por 3 a 0. Graczyk deixou o cargo em julho, recorreu e o retomou a presidência na semana passada, por decisão unânime do Tribunal de Justiça do Paraná.

O impasse despertou troca de acusações. Em nota oficial, o presidente desposto alega ter recebido a federação "falida, desorganizada e com graves problemas causados pelo descumprimento das regras da Fina (Federação Inter­­nacional de Natação) e normas da CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) nos últimos anos". Os problemas, segundo ele, seriam herança da gestão anterior, comandada por mais de uma década por Mirley Corrado. Ela não atendeu às ligações da reportagem.

Graczyk, vice de Mirley, rebateu. "Temos as certidões negativas de todos os órgão públicos. A CBDA nos deu um certificado por nossa conduta ilibada e o trabalho da Fina é em relação às regras da natação. Nada tem a ver com isso", explicou.

Em meio à confusão, quem perdeu foram os atletas. No início de outubro, uma medida administrativa de Pereira cancelou o Torneio Regional de Cascavel e o Curso de Arbitragem em Londrina. Reempossado às vésperas, Graczyk alegou falta de condições para organizar o Troféu Paraná, marcado para o fim de semana passado. Outro evento perdido.

"Me envergonho de imputar essa situação política à natação paranaense. Nas piscinas vivemos um momento esplêndido, com ótimos resultados. Fora delas, há esse grave problema. Os maiores prejudicados são os nadadores", disse o atual presidente, impossibilitado de por em prática o calendário definido no início do ano.

"Eles conseguiram uma liminar, nós a caçamos. Mas o processo vai arrastar a natação nos próximos quatro anos", lamenta. "Não conheço o teor da última decisão. Mas vamos recorrer e há grandes chances mesmo dessa situação perdurar muito", reforçou o advogado da oposição.

Ana Luzia Mikos

Alguém para filmar, fotografar, carregar a mala, segurar os calçados, trazer a toalha, secar os cabelos. Abraçar na vitória e consolar na derrota. Torcer e torcer muito. Tudo sem ganhar um real (ao contrário, geralmente desembolsando). E ainda assim, ficar muito satisfeito. Está aí o perfil de figuras clássicas da natação: os pais dos atletas.No 18.º Campeonato Brasilei­ro Juvenil de Natação – Troféu Car­los Campos Sobrinho, realizado desde quinta-feira até a manhã deste domingo no Clube Curiti­bano, não foi diferente. Pais e mães de atletas de todo o país encheram as arquibancadas à beira da piscina.A presença dos familiares é algo comum na carreira dos nadadores, assim como as mães que não desgrudam das filhas candidatas à miss.

Os pais de César Cielo, recordista mundial nos 50 e 100 metros livre, estão constantemente à beira da piscina. Em Atenas, o veterano Gustavo Borges contou com a presença de sua mãe em sua quarta Olimpía­­da, em 2004.

"A natação é um esporte muito solitário. O atleta enfrenta sua própria pressão, a do técnico, a do clube e da torcida. É importante que ele tenha em quem se apoiar", diz Rose Vilela, mãe de Thiago Pereira, ganhador de oito medalhas (seis de ouro, uma prata e um bronze) no Pan de 2007. A vibração de Rose nas arquibancadas do Parque Aquático Maria Lenk na época chamou tanta atenção quanto o desempenho de seu rebento dentro da água. "Nunca levei cronômetro, tabela de recorde para uma competição. Meu papel é torcer. Para cobrar, ele tem o técnico", acrescenta.

Na competição em Curitiba, via-se mãe dividindo as lágrimas com filha que não atingiu a marca esperada ao lado de pai a buscar o filho no pódio com abraços efusivos. O excesso de apoio, porém, pode resultar na perda de potenciais talentos.

"Às vezes, o pai não entende que o caminho traçado pelo treinador é o mais adequado", lamenta o técnico da Unisanta, de Santos, Fábio Massaini.

Um de seus atletas, Matheus Louro Neto, tem a família presente onde compete. Na sexta-feira, o garoto de 15 anos bateu o recorde do campeonato nos 200 m peito, baixando em 38 centésimos a marca registrada por Henrique Barbosa (atual recordista sul-americano da prova na categoria absoluto) há dez anos, em Curitiba.

A mãe, Ivanil Louro Neto, exibia a medalha com orgulho. A avó, Lauri, exibia reportagens de jornais sobre Matheus. "Faço o que precisar. Saí de Cubatão e aluguei um apartamento em Santos quando ele foi convidado para treinar lá", conta Ivanil, enquanto segurava a mochila, a toalha e o mp3 do garoto.

Ele não fala se aprova ou não da presença materna constante. Nem precisa: ao fim da prova, sua primeira reação foi apontar para a mãe, oferecendo-lhe a vitória. Este ano, foi de carro a Mar Del Plata (Argentina) para ver o filho no Sul-Americano. "Tenho medo de avi­ão. Vou dar um jeito quando ele co­meçar a ir além do Atlântico", brinca.

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