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Liogi Suzuki, 67 anos, aplica um golpe em Yoshihiro Okano, de 72 anos: vida dedicada ao judô | Gilberto Abelha/Jornal de Londrina
Liogi Suzuki, 67 anos, aplica um golpe em Yoshihiro Okano, de 72 anos: vida dedicada ao judô| Foto: Gilberto Abelha/Jornal de Londrina

"Caminho Suave". A tradução para o português da palavra "judô" guarda a essência da luta, que além de esporte, é arte e filosofia. Nuances ofuscadas pela competição, mas que seguem representadas por três paranaenses, decanos da modalidade e verdadeiras histórias-vivas do judô brasileiro.Liogi Susuki, Yoshihiro Okano e Adauto Domingues vivem em Londrina, onde há mais de 50 anos praticam e ensinam o judô. Judocas mais graduados do estado, fazem da cidade no Norte do Paraná uma das maiores concentrações de kodanshas (altamente graduados) do país, perdendo somente para São Paulo.

Mais do que trajetórias de sucesso como atletas e como técnicos, o trio destaca que o mais importante em suas carreiras é a possibilidade de contribuir na formação de cidadãos. Por eles passaram judocas que se tornaram médicos, jornalistas, professores, advogados, biólogos, profissionais "de bem", como dizem.

Suzuki, 67 anos, é o único faixa vermelha no Paraná, condecorado há 5 anos com o 9,º Dan (pe­­núltimo grau). Quando jovem, foi tricampeão nacional e o primeiro brasileiro a fazer uma final de cam­­­peonato mundial, na categoria universitário, em 1968, em Portugal.

A beleza estética da luta e a história da modalidade é o que ele segue ensinando nos cursos para formação de faixas-pretas pelo Paraná. "É esporte para vencer ou perder bonito. Com arte. Com requinte. Hoje, fala-se muito em performance. É mais. Se alguns quiserem competir, va­­mos orientar para isso. Ainda prefiro ajudar a formar cidadãos", diz.

A arte – e a eficiência – das técnicas do judô são a especialidade de Okano, 72 anos, mestre em katas (sequências coreografadas de golpes). "São a síntese do que é o judô", afirma.

Graduado no 8.º Dan [faixa vermelha e branca], ele ensina os katas por todo o país e celebra a vida que construiu em torno do esporte. Só não conseguiu levar a esposa Fukiko. "Brinco que ela é ‘inimiga do judô’, mas sei que, sem ela, não teria conquistado isso tudo", diz.

Mesmo papel teve Amélia, mulher de Domingues, 72 anos, 8.º Dan. A descendente de japoneses foi além: treinou, competiu e ensinou judô ao lado do marido. Dono de uma memória infalível para o detalhe – mesmo depois do ataque vascular cerebral (AVC) que sofreu em novembro de 2009 e lhe paralisou o lado esquerdo do corpo – , Adauto lembra que, quando começou a treinar, era o único "loirinho" no meio da "japonesada".

Assim como Suzuki e Okano, ele formou-se em Educação Física e foi professor da disciplina de lutas na Universidade Estadual de Londrina (UEL). Viveu boa parte da história do judô brasileiro nas décadas de 60, 70 e 80 como atleta, árbitro, técnico e dirigente e diverte-se com as histórias que coleciona. "Esses dias achei uma foto em que estávamos eu e [o escritor] Paulo Leminski [aficionado pelo Oriente, foi judoca e chegou à faixa preta], em 1968, no campeonato brasileiro, no Rio de Janeiro. Ele ainda na faixa verde e já era muito artista", lembra.

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