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Vítimas do mercado

Algumas instituições financeiras afetadas pela crise possuem ligação direta com clubes de futebol e grandes competições.

Wachovia

Responsável pelo empréstimo de US$ 700 milhões para a compra do Liverpool pelos empresários americanos Tom Hicks e George Gillett, o banco acumulou perdas superiores a US$ 42 bilhões. Está sendo negociado com o Citigroup e o Wells Fargo.

Landisbanki

O segundo maior banco da Islândia gastou US$ 110 milhões para comprar o West Ham, em 2006. Nesta semana, a instituição financeira quebrou e teve seu controle assumido pelo governo islandês. Com dívida de US$ 30 milhões, o West Ham está à venda.

AIG

Em 2006, a seguradora fechou um contrato recorde de patrocínio com o Manchester United, no valor de US$ 100 milhões por quatro anos. Agora, só foi salva da falência graças a uma injeção de US$ 85 bilhões do governo norte-americano.

Barclays

Patrocinador da Premier League, o banco britânico arrematou, em setembro, parte dos ativos do norte-americano Lehman Brothers. Nesta semana, viu suas ações desabarem após rumores de que bancos britânicos teriam pedido socorro financeiro ao governo local. Sua parceira, a Premier League, acumula US$ 4,5 bilhões em dívidas.

RBS

Um dos principais patrocinadores da Fórmula 1 – investe na categoria e na equipe Williams –, o Royal Bank of Scotland viu suas ações chegarem a 40% de desvalorização na terça-feira, após rumores de que teria pedido socorro financeiro ao governo britânico.

A Uefa vai preparar uma estratégia para blindar o futebol europeu e evitar que o colapso do sistema financeiro leve a um terremoto em clubes e mesmo em federações inteiras. Diante da pior crise financeira nos últimos 70 anos, a entidade que rege o futebol europeu pretende promover uma reforma nas finanças do esporte e alertou ontem que clubes com dívidas excessivas vão simplesmente ser excluídos dos campeonatos se não colocarem suas contas em ordem.

Só no milionário futebol inglês, as dívidas somam bilhões no mercado, e clubes começam a ser vendidos por não terem como pagar seus credores. Só o Manchester United, apontado diversas vezes como o clube mais rico do mundo, teria dívidas de quase US$ 1 bilhão.

O West Ham é de investidores da Islândia, país que acaba de quebrar, enquanto a liga inglesa é patrocinada pelo banco Barclays, que hoje está sendo salvo do colapso pelo governo britânico. Joseph Blatter, presidente da Fifa, pede transparência nas contas, enquanto federações tentam montar pacotes de salvamento.

A crise financeira que atinge o mundo dá sinais de ter suas ramificações em várias setores. No futebol, a Inglaterra se transformou no centro financeiro de um esporte com ligações diretas com bancos, investidores, acionistas e o próprio mercado financeiro.

David Taylor, secretário-geral da Uefa, anunciou ontem que a entidade vai se reunir nos próximos dias para tratar do assunto. O objetivo é tentar impedir que o futebol entre em colapso junto com o sistema financeiro. Com a crise, a relação estreita entre os clubes e o mercado se tornou óbvia. "Precisamos ter um fair play também nas finanças", disse. A Uefa já criou um sistema de licenciamento de clubes, mas agora planeja a criação de um novo órgão para monitorar as finanças – que deve estudar, inclusive, tetos salariais e controles financeiros, como existe no sistema de franquias nos esportes americanos.

Ontem, o presidente da FA (a entidade de rege o futebol inglês), lorde David Triesman, alertou que o mercado já calculou que os clubes ingleses somam dívidas de US$ 6 bilhões. "Há uma certeza apenas sobre a dívida. Ela precisa ser paga e não será refinanciada diante da crise", disse o presidente. "Montanhas de dívidas existem e o que ocorre é que, no final, os clubes estão ou nas mãos de instituições financeiras, algumas em péssimas condições de saúde, ou nas mãos de ricos proprietários que não hesitam em deixar o setor", alertou o cartola, em uma conferência em Londres sobre o impacto da crise no futebol.

Com a crise, créditos e empréstimos estão praticamente esgotados e o pagamento dessas dívidas se transformará em um problema. Só a Premier League teria uma dívida de US$ 4,5 bilhões. O que preocupa os dirigentes é que ela é patrocinada pelo Barclays, banco que na terça-feira havia perdido 9% nas bolsas e estava à beira de um colapso. Uma das esperanças é que a demanda internacional pelo futebol inglês financie essas dívidas.

Para Triesman, porém, uma revisão urgente das finanças do futebol precisa ser feita. O cartola teme que as dívidas dos clubes sejam misturadas com papéis podres de bancos que já não contam com qualquer credibilidade no mercado. "Estamos enfrentando um perigo real. Não podemos pensar que a crise vai afetar a todos, menos o futebol. Na realidade, os clubes menores estão em uma situação grave e alguns já estão à venda por seus donos, que não conseguem pagar as dívidas", afirmou.

Um deles é o West Ham, que havia sido comprado por mais de US$ 110 milhões em 2006 pelo bilionário islandês Bjorgolfur Gudmundsson, também dono de um banco em seu país. O problema nesta semana é que o seu banco, Landsbanki, quebrou e teve de ser salvo pelo governo. Um grupo de árabes já se apresentou como interessado em levar o clube. Mas, com dívidas de mais de US$ 30 milhões, a incerteza sobre o futuro do West Ham reinava nesta quarta-feira na Inglaterra.

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