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Cafu e a Taça Fifa: marca do quinto título do Brasil | Edson Silva/ Arquivo/ Gazeta do Povo
Cafu e a Taça Fifa: marca do quinto título do Brasil| Foto: Edson Silva/ Arquivo/ Gazeta do Povo

Eficiência marca título no Japão

A campanha do quinto título mundial do Brasil imitou em pelo menos um quesito o mítico tri de 70. Até Cafu poder erguer a taça em Yokohama, no Japão, a seleção venceu todos os sete jogos que disputou – somente o grupo liderado pelo Rei Pelé também já ganhou uma Copa sem perder pontos. Em 2002, o eficiente time de Luiz Felipe Scolari marcou 18 gols e sofreu 4.

Na estreia, a seleção contou com pênalti polêmico em Rivaldo para vencer a Turquia por 2 a 1. As outras partidas da primeira fase foram fáceis: 4 a 0 sobre a China e 5 a 2 na Costa Rica. Nas finais, o time passou pela Bélgica (2 a 0), Inglaterra (2 a 1) e Turquia (1 a 0), antes de encarar a Alemanha pela primeira vez em um Mundial, na decisão do torneio: 2 a 0. Ronaldo Fenômeno foi o artilheiro do Brasil com 8 gols. Rivaldo balançou as redes cinco vezes.

  • Gol de Ronaldo na final contra a Alemanha
  • Oliver Kahn levantado por Ronaldo
  • Festa dos jogadores brasileiros com a taça
  • Ricardinho, atual técnico do Paraná
  • Torcida brasileira marcou presença no Mundial de 2002
  • Kléberson partiu como coadjuvante e voltou como um dos heróis do penta
  • Reprodução do ingresso da final em Yokohama

A volta por cima de Ronaldo, as defesas do "santos" e a jogada de Kléberson. A saga da família Scolari, muito provavelmente a primeira memória futebolística de quem está hoje na metade da adolescência, completa uma década. No dia 30 de junho de 2002, o Brasil batia a Alemanha, em Yokohama, no Japão, por 2 a 0 e se sagrava pentacampeão do mundo de futebol. A marca ainda não foi igualada por nenhuma outra seleção, mas, por outro lado, foi o último triunfo em Mundiais, numa Copa disputada em dois países: Japão e Coreia do Sul.

"Esses últimos dez anos dentro do futebol foram muito legais. Pude conviver com os maiores do mundo e do Brasil. Só tenho boas lembranças. Pena que passa rápido", disse o ex-meia Ricardinho. "Eu me lembro de tudo; dos dias que antecederam a Copa até a final. É uma coisa inesquecível na minha vida", completou Ronaldinho Gaúcho, hoje no Atlético-MG.

Cria das categorias de base do Paraná, time que treina atualmente, Ricardinho foi o último a ser chamado por Luiz Felipe Scolari. Emerson, que era o capitão da equipe, sofreu uma contusão no ombro durante treino recreativo poucos dias antes da estreia. "Eu vi o jogo da França contra o Senegal e fui para a igreja. Quando voltei, minha mulher me avisou que tinha sido chamado. Foi algo que tinha de ser", contou.

O ambiente dentro do grupo ajudou a seleção, que havia chegado desacreditada depois de precisar de uma vitória na última rodada para se classificar. "Aquela força se deve muito ao Felipão. Ele abraçou os jogadores e todos estavam tranquilos. Tudo se encontrava dentro e fora de campo. Era um grupo que brincava. O Marcos e o Vampeta eram os melhores nisso e todos atuaram como grandes amigos", contou Kléberson.

E justamente a vontade de atuar junto em busca do título que fez o time funcionar, não importando quem jogasse. Felipão só não usou os goleiros reservas durante o Mundial. "O time queria. Todos queriam, acho que por isso ficou mais fácil transformar numa família, como se transformou. O Felipe conseguiu unir o grupo, fazer o time jogar da forma como ele queria. Mas era um grupo bastante inteligente, de jogadores que realmente queriam ser campeões do mundo. Acho que até por isso foi um pouco mais fácil administrar", revelou Cafu, que assumiu a braçadeira de capitão após o corte de Emerson.

Aposta de risco, Ronaldo virou o artilheiro e jogador mais decisivo. Dez anos depois, ele confessou que teve medo de que se repetisse a convulsão que teve em 1998, antes da final. "Foi infinitamente mais do que esperava. Foi especial. Confesso que tive medo. Eu, depois de almoçar naquele dia, fiquei andando, pedindo para não me deixar dormir", revelou o Fenômeno em entrevista à Rede Globo. Tudo correu bem naquele domingo.

Título contou com quatro paranaenses

O pentacampeonato da seleção brasileira teve a participação de quatro paranaenses. Rogério Ceni não entrou em campo, pois era o terceiro goleiro. Belletti jogou apenas na semifinal contra a Turquia, improvisado como volante. Ricardinho e Kléberson tiveram maior atuação, com o Xaropinho sendo titular na reta final e o hoje técnico do Paraná, o último a ser chamado, sendo usado com regularidade por Felipão.

O jogo que marcou a virada para a seleção foi contra a Bélgica, nas oitavas de final. "Contra a Bélgica, eles tiveram um gol anulado e marcavam bem. Então, conseguimos um gol [de Rivaldo]. Foi o jogo que conquistou a unidade do grupo. Depois, era difícil bater a gente", contou Ricardinho.

Depois dessa partida, Kléberson, que entrou faltando dez minutos, assumiu a camisa titular. Ele foi autor do contra-ataque pela direita que resultou no gol de Ronaldo, o segundo do duelo. "Foi um contra-ataque rápido. Como joguei muito na base como lateral-direito, tenho facilidade de sair pelo lado do campo e isso me ajudou muito", revelou o ex-atleticano.

Nas quartas de final, contra a Inglaterra, ele sofreu a falta que originou o gol de Ronaldinho Gaúcho, o da virada no placar. Já na final, o volante acertou uma bola no travessão e ainda deu o passe para o segundo gol do Fenômeno. "Aquela bola na trave sempre é lembrada. Não foi um chute muito forte. No lance do gol, eu peguei a bola no meio e o Ronaldo aproveitou com a qualidade dele depois do corta-luz do Rivaldo. É uma bela lembrança", afirmou o Xaropinho, agora no Bahia.

Colaborou: Helen Anacleto, especial para a Gazeta do Povo

Saiba mais

LeiaFelipão – A alma do Penta, de Ruy Carlos Ostermann, 2002, ZH Publicações, 188 páginas.

O livro do jornalista gaúcho é uma biografia de Luiz Felipe Scolari, técnico do penta, lançado ainda em 2002, ano da conquista, com ênfase na campanha na Coreia do Sul e Japão desde a saída do Brasil.

VejaSeven Games From Glory, 2002, HBS, 120 minutos.

Filme oficial da Copa de 2002, narra a trajetória das equipes no primeiro Mundial realizado em dois países. A narração na versão original é do ator inglês Robert Powell. A Editora Abril lançou uma versão dublada em português, que tem como extra o perfil de Rivaldo.

Brasil pentacampeão

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